BENTO XVI: MISERICÓRDIA E PERDÃO SÃO NÚCLEO CENTRAL DA MENSAGEM DE JOÃO PAULO II
Cidade do Vaticano, 30 mar (RV) - Do pátio da residência de Castel Gandolfo,
onde está transcorrendo uma semana de repouso, o pontífice rezou esta manhã a oração
do Regina Coeli com os fiéis e peregrinos.
Falando em conexão audiovisual
com a Praça São Pedro, Bento XVI recordou que durante o Jubileu do Ano 2000 João Paulo
II estabeleceu que, em toda a Igreja, o domingo sucessivo à Páscoa, denominado Domingo
in Albis, fosse chamado também Domingo da Divina Misericórdia.
A inesquecível
noite de 2 de abril de 2005, quando João Paulo II encerrou sua vida terrena, era justamente
o segundo domingo de Páscoa e muitos notaram a coincidência, que unia em si a dimensão
mariana do primeiro sábado do mês e a da Divina Misericórdia.
A mensagem de
João Paulo II foi recordada por ele mesmo, quando, em 2002, inaugurando o grande Santuário
da Divina Misericórdia em Cracovia-Lagiewniki, anunciou que "não há nenhuma outra
fonte de esperança para os seres humanos senão a misericórdia de Deus".
Bento
XVI citou o exemplo de Santa Faustina Kowalska (humilde religiosa polonesa, nascida
em 1905 e falecida em 1938 e canonizada em abril de 2000), definindo-a "zelosa mensageira
de Jesus Misericordioso".
"Como Irmã Faustina, João Paulo II se fez, por sua
vez, apóstolo da Divina Misericórdia: sua mensagem, assim como a de Santa Faustina,
reconduz ao rosto de Cristo, suprema revelação da misericórdia de Deus. Contemplar
constantemente aquela imagem: esta é a herança que ele deixou e que nós, com alegria,
recebemos e assumimos."
No breve discurso proferido antes da oração do Regina
Caeli, que substitui o Angelus no tempo pascal, o papa revelou que a misericórdia
é, na realidade, o núcleo central da mensagem evangélica. É o próprio nome de Deus,
a imagem com a qual Ele se revelou na Antiga Aliança e plenamente em Jesus Cristo,
encarnação do Amor criador e redentor.
"Este amor misericordioso ilumina também
a imagem da Igreja e se manifesta por meio dos Sacramentos, em especial o da Reconciliação,
e por meio de obras de caridade, comunitárias e individuais", acrescentou Bento XVI
Segundo
o pontífice, "tudo o que a Igreja diz e faz manifesta a misericórdia que Deus nutre
pelo homem. E até quando a Igreja deve evocar uma verdade renegada, ou um bem traído,
o faz sempre movida pelo amor misericordioso, para que os homens tenham vida e a tenham
em abundância. Da misericórdia divina, que pacifica os corações, brota a autêntica
paz no mundo, a paz entre os povos, culturas e religiões diversas".
Em seguida,
Bento XVI anunciou que, nos próximos dias, a misericórdia divina será tema do primeiro
Congresso Apostólico Mundial, que será aberto na manhã de 2 de abril, quarta-feira,
com a missa, presidida por ele, no terceiro aniversário da morte do Servo de Deus
João Paulo II.
Concluindo, o papa confiou o Congresso sob a celeste proteção
de Maria, Santíssima Mater Misericordiae: "A Ela confiamos a causa da paz no
mundo, para que a misericórdia de Deus realize aquilo que é impossível às forças humanas
e infunda nos corações a coragem do diálogo e da reconciliação".
Após a sua
alocução, o papa rezou a oração do Regina Coeli com os fiéis, fez as suas saudações
em várias línguas e concedeu a bênção apostólica. Seu retorno ao Vaticano está previsto
para hoje, com partida, de helicóptero, de Castel Gandolfo às 18h30 locais, ou seja,
13h30 de Brasília. (CM/BF)