Eleições no Zimbabué:uma missão de observadores das Igrejas africanas
(29/3/2008) O Zimbábue realiza hoje as primeiras eleições conjuntas da sua história,
um acto em que os observadores internacionais foram escolhidos a dedo, tendo o presidente
Robert Mugabe justificado que "ninguém dos países que o querem derrubar terá entrada
no país". Assim, para além dos observadores dos países africanos, só estarão presentes
representantes do Brasil, Venezuela, Nicarágua, Jamaica, Rússia, China, Índia, Malásia,
Indonésia e Irão numa consulta em que serão eleitos o presidente, os deputados e os
autarcas de um país que vive uma crise política e económica sem precedentes. Também
as Igrejas africanas enviaram uma missão de observadores para acompanhar as eleições.
Entre elas, estará presente uma delegação da Associação inter-regional dos Bispos
da África Austral (IMBISA), que reúne as Conferências Episcopais de nove países. Com
os observadores enviados pela Associação das Igrejas Evangélicas da África e pela
Comunhão do Conselho Cristão da África Austral, a delegação católica terá a tarefa
de verificar a transparência e a credibilidade do voto, no meio de denúncias de irregularidades
e de intimidações contra os opositores do regime de Robert Mugabe. Uma tarefa
que o arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu pré-anunciou como "muito difícil"
devido ao clima de forte tensão que caracterizou a campanha eleitoral. Robert Mugabe,
no poder desde a independência em 1980, é candidato à reeleição presidencial e deverá
continuar no lugar, mau grado o seu adversário ser um político que fazia parte da
classe política que rodeia o líder.
Simba Makoni, ex-ministro das Finanças,
decidiu abandonar o partido do Governo, a União Nacional Africana do Zimbábue - Frente
Patriótica (Zanu-PF), não tanto - segundo os especialistas - para derrubar Mugabe
mas para marcar terreno para o futuro.
Além de Mugabe e Makoni, está também
na corrida Morgan Tsvangirai, líder do Movimento para Mudança Democrática (MDC), partido
já derrotado por Mugabe em 2002.
As sondagens no Zimbábue não têm grande valor
científico mas, mesmo assim, apontam para a possibilidade de sérias dificuldades quer
do presidente quer do seu Governo.
Se aplicada ao Zimbábue a filosofia ocidental,
dir-se-ia que Mugabe terá de prestar contas pela grave crise de um país cuja inflação
é de 150 000%.