2008-03-29 12:58:18

CARD. MARTINO: "PENA DE MORTE NÃO FAZ PARTE DO CONCEITO DE JUSTIÇA"


Filadélfia, 29 mar (RV) - A Corte de Apelações federal da Filadélfia anulou na quinta-feira a condenação à morte de Mumia Abu-Jamal, figura emblemática da luta internacional contra a pena capital, mas reafirmou sua culpa pelo assassinato de um policial em 1981.

Mumia Abu-Jamal, ex-jornalista, ficou popular com o seu programa de rádio "A voz dos sem-voz". Negro e militante anti-racista, ele tem hoje 53 anos e está no corredor da morte há 26, pedindo um novo processo. Foi condenado à morte por, supostamente, matar um policial que espancava seu irmão no início dos anos 80.

"Não se faz justiça punindo com outro crime. Por isso, toda sentença de morte não executada é uma vitória do homem e da vida." Esta foi a reação do Cardeal Renato Raffaele Martino, presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", comentando, nas páginas do jornal "L'Osservatore Romano", a notícia da anulação da pena capital de Mumia Abu-Jamal.

"A resolução da ONU contra a pena de morte foi um passo enorme, mas representa apenas um convite a não aplicá-la nos países onde ainda é prevista por lei. Naturalmente, para libertar completamente o mundo desta forma atroz de fazer justiça, são necessárias iniciativas como esta e muitas outras", afirmou.

O Cardeal Martino recorda ainda que, em várias circunstâncias, o papa se expressou publicamente contra esta maneira de fazer justiça. "A pena de morte não entra no conceito de justiça", recordou. A Santa Sé prioriza a defesa da vida, desde a concepção até a morte natural, e promove iniciativas para que esta forma de fazer justiça seja abolida.

Para o purpurado, "até o criminoso autor de um delito tem o direito de viver. Antes de tudo para poder 'limpar' a própria existência do crime que cometeu e, enfim, porque existe o aspecto da proporcionalidade da pena, que deve permitir a possibilidade de reabilitação. Ou seja, as sentenças que a sociedade é chamada a emitir devem ser corretivas e não destrutivas".

A pena de morte vige atualmente em 36 dos 50 Estados confederados dos EUA e 3.350 pessoas estão nos corredores da morte. Mas quase em toda a nação há iniciativas para obter a abolição.

A respeito, o Cardeal Martino recordou a iminente visita de Bento XVI à ONU, em 18 de abril, que pode ser uma ocasião para chamar novamente a atenção da comunidade internacional sobre temas relativos à dignidade do homem: "Certamente, naquela ocasião, o papa evocará os problemas que sempre estiveram em debate nas Nações Unidas, principalmente os relativos à paz e ao desenvolvimento. Assim sendo, sua visita constituirá, para todos, um encorajamento a prosseguir no caminho da paz". (CM/BF)







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