IGREJA NA ALEMANHA RECONHECE QUE EXPLOROU CERCA DE SEIS MIL DEPORTADOS DURANTE O NAZISMO
Berlim, 26 (RV) - A Igreja Católica alemã empregou durante o nazismo cerca
de seis mil "trabalhadores forçados", sendo a maioria proveniente da Polônia e das
repúblicas da ex-União Soviética.
É o que revela um documento de mais de 700
páginas que o ex-presidente da Conferência episcopal alemã, Cardeal Karl Lehmann,
apresentará oficialmente em 4 de abril em Mogúncia.
Ontem, a Igreja alemã antecipou
que, entre 1939 e 1945, foram utilizados como escravos 4.829 deportados de países
do leste europeu e 1.075 prisioneiros de guerra.
A Conferência Episcopal precisou
que o estudo, intitulado "Trabalho coercitivo e Igreja Católica de 1939 a 1945", constitui
"a pesquisa mais ampla das últimas décadas sobre todo o catolicismo alemão".
A
Igreja evangélica, que também utilizou trabalhadores forçados, decidiu indenizar os
sobreviventes com uma contribuição à "Fundação Memória, Responsabilidade e Futuro",
o fundo criado nos anos passados pelo governo alemão.
Já a Igreja Católica
preferiu criar seu próprio fundo para o ressarcimento das vítimas mediante a criação,
em 2000, de um fundo especial de 2,55 milhões de euros. Em 2005, foram identificados
cerca de cinco mil trabalhadores sobreviventes, 590 dos quais já receberam a indenização
de 2.556 euros.
Entretanto, as Nações Unidas decretaram o 25 de março o Dia
Internacional em Memória das Vítimas da Escravatura e Tráfico Transatlântico.
O
secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lembrou as vítimas da escravidão
e exortou a comunidade internacional a agir contra seus equivalentes modernos, como
o tráfico de pessoas, o trabalho forçado e a exploração sexual.
O tráfico de
escravos foi "uma das maiores atrocidades da história", disse Ban ao comemorar o primeiro
dia das vítimas da escravidão e do comércio transatlântico de escravos. Ban lamentou
"as atrocidades cometidas contra incontáveis vítimas" e destacou a coragem dos "que
se levantaram para superar o sistema que os oprimia".
"Esses valentes indivíduos
e os movimentos abolicionistas que inspiraram devem servir de exemplo para que todos
nós continuemos lutando contra as formas contemporâneas de escravidão, que mancham
nosso mundo hoje."
Milhões de pessoas no mundo são vítimas de trabalho forçado,
exploração sexual e tráfico humano, incluindo crianças. "Estamos todos envergonhados
com esses crimes repugnantes e todos desafiados a reagir", disse Ban.
As Nações
Unidas estimam que mais de 250 mil crianças-soldados lutam em conflitos no mundo e
que muitas meninas são usadas como escravas sexuais.
A Organização Internacional
para as Migrações estima que cerca de 700.000 pessoas são traficadas a cada ano no
planeta. (BF/CM)