Sob uma chuva inclemente, na Praça de São Pedro, a Missa e Mensagem Pascal do Papa
"Urbi et Orbi". “A ressurreição de Jesus é essencialmente um acontecimento de amor ».
Daí « um apelo a convertermo-nos ao amor”
“Uma Páscoa feliz com Cristo Ressuscitado!”:
os votos
de boas festas pascais expressos pelo Papa também em português, neste domingo de Páscoa,
após a tradicional Mensagem Urbi et Orbi, à Cidade de Roma e a todo o mundo, no final
da Missa celebrada na Praça de São Pedro, não obstante o frio e a chuva que se abateram
sobre Roma.
« A ressurreição de Jesus é essencialmente um acontecimento de
amor », de onde provém « um apelo a nos convertermos ao amor » : recordou Bento XVI
na mensagem pascal, a partir da frase que a Liturgia pascal coloca na boca do Ressuscitado :
Resurrexi,
et adhuc tecum sum. Alleluia! – Ressuscitei, estou convosco para sempre. Aleluia!
Estas palavras, tiradas de uma antiga versão do Salmo 138, ressoam ao início da Missa
da manhã de Páscoa. A Igreja reconhece nelas a própria voz de Jesus que, ao ressurgir
da morte, Se dirige ao Pai cheio de felicidade e de amor, exclamando: Meu Pai, eis-Me
aqui! Ressuscitei, estou ainda convosco e estarei para sempre; o vosso Espírito nunca
Me abandonou.
“A morte e ressurreição do Verbo de Deus encarnado é um acontecimento
de amor insuperável, é a vitória do Amor que nos libertou da escravidão do pecado
e da morte. Mudou o curso da história, infundindo um indelével e renovado sentido
e valor à vida do homem.”
“Graças à morte e ressurreição de Cristo, também
nós hoje ressurgimos para uma vida nova e, unindo a nossa voz à d’Ele, proclamamos
que queremos ficar para sempre com Deus, nosso Pai infinitamente bom e misericordioso.”
Entramos assim na profundidade do mistério pascal.
“O facto surpreendente
da ressurreição de Jesus é, essencialmente, um acontecimento de amor (sublinhou Bento
XVI): amor do Pai que entrega o Filho pela salvação do mundo; amor do Filho que, por
todos nós, Se abandona à vontade do Pai; amor do Espírito que ressuscita Jesus dentre
os mortos com o seu corpo transfigurado”. Daí um apelo a convertermo-nos ao Amor,
a recusar o ódio e o egoísmo, seguindo as pegadas do Cordeiro imolado, o Redentor
«manso e humilde de coração».
“Irmãos e irmãs cristãos de todas as partes
do mundo, homens e mulheres de ânimo sinceramente aberto à verdade! Que ninguém feche
o coração à omnipotência deste amor que redime! Jesus Cristo morreu e ressuscitou
por todos: Ele é a nossa esperança! Esperança verdadeira para todo o ser humano”.
É fixando o olhar da alma nas chagas gloriosas do corpo (de Cristo), - que
podemos compreender o sentido e o valor do sofrimento, que podemos suavizar as muitas
feridas que continuam a ensanguentar a humanidade ainda em nossos dias – prosseguiu
o Papa. Nas suas chagas gloriosas, reconhecemos os sinais indeléveis da misericórdia
infinita de Deus, de que fala o profeta:
“Jesus é Aquele que cura as feridas
dos corações despedaçados, que defende os fracos e proclama a liberdade dos escravos,
que consola todos os aflitos e concede-lhes o óleo da alegria em vez do hábito de
luto, um cântico de louvor em vez de um coração triste.”
Se nos abeirarmos
de Jesus com humilde confiança – assegurou o Papa - encontraremos no seu olhar a resposta
ao anseio mais profundo do nosso coração: conhecer Deus e contrair com Ele uma relação
vital numa autêntica comunhão de amor, que encha do seu próprio amor a nossa existência
e as nossas relações interpessoais e sociais.
“Quantas vezes as relações entre
pessoa e pessoa, entre grupo e grupo, entre povo e povo, em vez de amor, são marcadas
pelo egoísmo, pela injustiça, pelo ódio, pela violência! São as pragas de humanidade,
abertas e dolorosas em todo canto do planeta, mesmo se, frequentemente, ignoradas
e, às vezes, ocultadas de propósito; chagas que dilaceram almas e corpos de numerosos
dos nossos irmãos e irmãs”.
Essas “pragas de humanidade” – advertiu o Papa
- esperam ser sanadas e curadas pelas chagas gloriosas do Senhor ressuscitado e pela
solidariedade dos que, sobre o seu rasto e em seu nome, põem gestos de amor, empenhando-se
com factos em prol da justiça e difundem em volta de si sinais luminosos de esperança
nos lugares ensanguentados pelos conflitos e sempre onde a dignidade da pessoa humana
continua a ser desprezada e espezinhada”.
“O auspício é que precisamente
ali se multipliquem os testemunhos de mansidão e de perdão”.
Exortando todos
a “deixar-se iluminar pela luz fulgurante deste Dia solene”, abrindo-se com sincera
confiança a Cristo ressuscitado, para que a sua vitória sobre o mal triunfe em cada
um de nós, nas nossas famílias, nas cidades e Nações, e Se manifeste no mundo inteiro,
Bento XVI referiu concretamente algumas situações de crise:
“Como não pensar
neste momento, de modo particular, em algumas regiões africanas, tais como o Darfur
e a Somália; no atormentado Oriente Médio, especialmente na Terra Santa, no Iraque,
no Líbano, em enfim no Tibete, regiões para as quais faço votos por que se encontrem
soluções que salvaguardem o bem e a paz!”“
A concluir a sua Mensagem pascal
a todo o mundo, Bento XVI implorou a intercessão de Nossa Senhora, a qual, depois
de ter compartilhado os sofrimentos da paixão e crucifixão de seu Filho inocente,
também experimentou a alegria da sua ressurreição:
“Associada à glória de
Cristo, seja Ela a proteger-nos e a guiar-nos pelo caminho da solidariedade fraterna
e da paz. São estes os votos pascais que formulo para vós aqui presentes e para os
homens e mulheres de todas as nações e continentes que estão unidos connosco através
da rádio e da televisão. Uma Páscoa feliz!” (texto integral em Documentos do
Vaticano)