A fé é uma força de paz e reconciliação no mundo: fica superada a distância, no Senhor
tornamo-nos próximos: Bento XVI na homilia da Vigilia Pascal
(23/3/2008) As pessoas baptizadas e crentes nunca são verdadeiramente estranhas uma
á outra.Segundo Bento XVI “Podem separar-nos continentes, culturas,
estruturas sociais ou mesmo distâncias históricas. Mas, quando nos encontramos, reconhecemo-nos
com base no mesmo Senhor, na mesma fé, na mesma esperança e no mesmo amor, que nos
formam.”. É um hino ao laço que através do Baptismo une todos os fiéis, a homilia
de Bento XVI durante a celebração da Vigília Pascal na Basílica de São Pedro durante
a qual administrou o Sacramento do Baptismo a sete catecúmenos, cinco mulheres e dois
homens, provenientes da Itália, Republica do Camarões, China, Estados Unidos e Peru.
Para o Papa a realidade do Baptismo consiste nisto: “Ele, o Ressuscitado, vem;
vem até vós e une a sua vida com a vossa conservando-vos dentro do fogo vivo do seu
amor. Passais a ser uma unidade: sim, um só com Ele e, deste modo, um só entre vós.” No
encontro entre cristãos, segundo Bento XVI “experimentamos que o fundamento das nossas
vidas é o mesmo. Experimentamos que, no mais fundo do nosso íntimo, estamos ancorados
à mesma identidade, a partir da qual todas as diferenças exteriores, por maiores que
sejam, resultam secundárias”. Os crentes nunca são totalmente estranhos um ao outro.
Estamos em comunhão por causa da nossa identidade mais profunda: Cristo em nós. Deste
modo, a fé é uma força de paz e reconciliação no mundo: fica superada a distância,
no Senhor tornamo-nos próximos.
Numa homilia de elevado conteúdo teológico,
o Papa explicou também as simbologias ligadas aos elementos da água, da luz e do
fogo..No Baptismo, Jesus como que nos toma pela mão, conduz-nos pelo caminho que
passa através do Mar Vermelho deste tempo e introduz-nos na vida duradoura, na vida
verdadeira e justa. Agarremos bem a sua mão! Suceda o que suceder e implicando mais
ou menos connosco, não larguemos a sua mão! Caminharemos então pela via que conduz
à vida. E a luz é a luz da verdade, como o fogo é o fogo do amor que transforma
o ser humano.
Esta luz da verdade que nos aponta o caminho, não deixemos que
se apague. Protejamo-la contra todas as forças que pretendem extingui-la para nos
lançar novamente na escuridão de Deus e de nós mesmos.
De vez em quando – prosseguiu
depois o Papa - a escuridão pode-nos parecer cómoda. Posso esconder-me e passar a
minha vida dormindo. Nós, porém – salientou - não somos chamados a viver nas trevas,
mas na luz. Esta luz explicou depois o Papa - é ao mesmo tempo também fogo, força
que nos vem de Deus: uma força que não destrói, mas quer transformar os nossos corações,
para nos tornarmos verdadeiramente homens de Deus e para que a sua paz se torne operativa
neste mundo. A concluir a sua homilia da Vigília pascal, Bento XVI deteve-se também
sobre as expressões da Igreja antiga “Conversi ad Dominum – agora voltai-vos
para o Senhor”, e “Sursum corda – corações ao alto”. “Sempre
de novo nos devemos afastar das direcções erradas, em que tão frequentemente nos movemos
com o nosso pensar e agir. Sempre de novo nos devemos voltar para Ele, que é o Caminho,
a Verdade e a Vida. Sempre de novo nos devemos tornar “convertidos”, com toda a vida
voltada para o Senhor. E sempre de novo devemos deixar que o nosso coração seja subtraído
à força da gravidade, que o puxa para baixo, e levantá-lo interiormente para o alto:
para a verdade e o amor”. (texto integral em documentos do Vaticano)