2008-03-22 12:35:25

PAPA NO COLISEU DE ROMA: "É POSSÍVEL PERMANECER INDIFERENTE PERANTE A MORTE DO SENHOR?"


Cidade do Vaticano, 22 mar (RV) - Sábado Santo é o Dia da Mãe de Jesus. Hoje, a Igreja observa rigoroso silêncio e recolhimento diante do corpo morto de Cristo e nos convida a abrir-nos à misericórdia de Deus.

Hoje à noite, Bento XVI preside, na Basílica Vaticana, à solene Vigília Pascal e à celebração eucarística da Ressurreição de Cristo. No entanto, esta manhã, na Basílica papal de Santa Maria Maior, em Roma, o Cardeal Bernard Francis Law celebrou a "Hora da Mãe": com esta celebração, a Igreja contempla a espera de Maria pela Ressurreição de seu Filho Jesus.

Entretanto, ontem, Sexta-feira Santa, a Igreja celebrou os mistérios da Paixão e Morte de Nosso Salvador.

Na parte da tarde, na Basílica Vaticana, Bento XVI presidiu à celebração da Paixão do Senhor com a Liturgia da Palavra, a Adoração da Cruz e o Rito da Comunhão.

A homilia, como todos os anos, foi confiada ao pregador oficial da Casa Pontifícia, o frei capuchinho Raniero Cantalamessa.

Em sua meditação, o pregador destacou que "a unidade dos cristãos é um dom que deve ser acolhido": eis a feliz notícia a ser proclamada na Sexta-Feira Santa. A unidade deve ser também visível e comunitária. É o Espírito Santo que nos conduz à plena unidade, mediante um ecumenismo doutrinal, institucional e espiritual. O ecumenismo espiritual, concluiu o capuchinho, nasce do arrependimento e do perdão e se alimenta com a oração.

Enfim, ontem à noite, o Santo Padre presidiu, no Coliseu de Roma, ao tradicional rito da Via-Sacra.

Bento XVI acompanhou o rito da Colina do Palatino, recebendo a Cruz das mãos do Cardeal Camillo Ruini, seu vigário para a Diocese de Roma, que, por sua vez, a recebeu de uma jovem chinesa, símbolo daquela Igreja cujos episódios ecoaram nas meditações para a Via-Sacra feitas pelo arcebispo de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen Ze-Kiun.

Ao final das 14 estações da Via-Sacra, o Bispo de Roma fez uma breve reflexão, frisando que "também este ano percorremos o caminho da cruz, a Via-Sacra, voltando a evocar com fé as etapas da paixão de Cristo".

"Nossos olhos voltaram a contemplar os sofrimentos e a angústia que o Nosso Redentor teve de suportar na hora da grande dor, cume da sua missão terrena", disse o papa.

Jesus morre na cruz e jaz no sepulcro. O dia da Sexta-Feira Santa, tão impregnado de tristeza humana e de religioso silêncio, se encerra no silêncio da meditação e da oração, afirmou o Papa.

O pontífice se interrogou: "É possível permanecer indiferente perante a morte do Senhor, do Filho de Deus? Por nós, por nossa salvação, Ele se fez homem para poder sofrer e morrer. Dirijamos a Cristo hoje nossos olhares, freqüentemente distraídos por dissipados e efêmeros interesses terrenos. Detenhamo-nos a contemplar sua Cruz. A Cruz, manancial de vida e escola de justiça e de paz, é patrimônio universal de perdão e de misericórdia. É prova permanente de um amor oblativo e infinito, que levou Deus a fazer-se homem, vulnerável como nós, até morrer na Cruz".

Através do caminho doloroso da Cruz, continuou o papa, os homens de todas as épocas, reconciliados e redimidos pelo sangue de Cristo, se converteram em amigos de Deus, filhos do Pai celestial. "Amigo", assim nos chama Jesus, porque é autêntico amigo de todos nós.

Infelizmente, disse Bento XVI, nem sempre conseguimos perceber a profundidade deste amor sem fronteiras que Deus tem por nós. Para Ele não há diferença de raça e cultura. Jesus morreu para libertar a antiga humanidade da ignorância de Deus, do círculo de ódio e violência, da escravidão do pecado. Eis o motivo pelo qual a Cruz nos torna irmãos e irmãs.

O papa então se perguntou novamente: "O que fizemos com este dom? O que fizemos com a revelação do rosto de Deus em Cristo, com a revelação do amor de Deus que vence o ódio? Tantos, em nossa época, ainda não conhecem a Deus e não podem encontrá-Lo no Cristo crucificado. Tantos estão em busca de um amor ou de uma liberdade que exclui Deus. Tantos acreditam não ter necessidade de Deus".

E concluiu: "Queridos amigos: após termos vivido juntos a Paixão de Jesus, deixemos que, nesta noite, seu Sacrifício na Cruz nos interpele. Vamos permitir que Ele ponha em crise as nossas certezas humanas. Vamos abrir-Lhe o nosso coração. Jesus é a Verdade que nos torna livres de amar. Não tenhamos medo: ao morrer, o Senhor destruiu o pecado e salvou os pecadores, todos nós".

Eis a verdade da Sexta-Feira Santa: na Cruz, o Redentor nos fez filhos adotivos de Deus, que nos criou à sua imagem e semelhança. Permaneçamos, portanto, em adoração diante a cruz.

Por fim, o papa elevou a Deus a seguinte prece: "Cristo, dai-nos a paz que buscamos, a alegria que desejamos, o amor que preenche nosso coração sedento de infinito. Esta deve ser a nossa oração, nesta noite, a Jesus, Filho de Deus, morto por nós na Cruz e ressuscitado no terceiro dia". (MT/BF)







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