O escândalo da Cruz na homilia da Paixão do Cardeal Patriarca de Lisboa
(22/3/2008) O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, afirmou ontem que só
a fé impede que, para os cristãos, a morte de Cristo na cruz seja vista como "um escândalo",
mas antes seja encarada como "uma loucura do amor de Deus pelo mundo que criou".
"Só
de joelhos, na humildade da nossa fé, podemos contemplar a Cruz de Cristo e impedir
que ela não seja para nós um escândalo, algo de tão violento e incompreensível que
nos leve a duvidar da bondade e da justiça de Deus", disse D. José da Cruz Policarpo
na homilia da Paixão do Senhor, ontem à tarde na Sé Patriarcal, em Lisboa.
Segundo
o Cardeal Patriarca, a morte de Cristo pela crucificação foi uma forma de Deus "vencer
o mal na sua raiz, o que só pode ser realizado pelo amor de Deus, Criador o mundo".
"No
Calvário, Deus, para amar o mundo, não deixa de amar o Seu Filho, que na Sua humanidade,
assumiu todo o mal do mundo. Na Cruz, o amor entre o Pai e o Filho é o mesmo amor
eterno que criou o mundo, porque só assim o pode recriar", afirmou D. José Policarpo
perante os fiéis.
De acordo com o prelado, "amar no sofrimento e na obediência
é a atitude nova que a morte de Cristo lega à humanidade, caminho para a redenção
do sofrimento inevitável". Referiu ainda o Cardeal que "Jesus tem, desde sempre, uma
consciência viva do modo como se concluirá a missão que o Pai lhe deu. A aceitação
da vontade do Pai é expressão de obediência filial Na Paixão, Jesus homem exprime
o Seu amor ao Pai na aceitação do sofrimento e da morte".
"A Cruz é um acto
de amor de Deus Pai pela humanidade que criou. É um acto de amor de Jesus por Deus,
Seu pai, concretizado na obediência", acrescentou, questionando "Mas porquê a morte?
Porquê ir tão longe?"
D. José Policarpo responde que aquela foi a forma "de
vencer radicalmente o mal e exorcizar a morte, inserindo-a no dinamismo da vida e
da esperança".