Unidade dos cristãos esperança da Sexta Feira Santa: o mundo continua a caminhar,
os cristãos divididos, não, salientou o Pregador da Casa Pontifícia durante a celebração
da Paixão, na Basílica de São Pedro.
(21/3/2008) Nas relações entre as confissões cristãs avança um ecumenismo no qual,
no limite, todos crêem nas mesmas coisas, porque ninguém crê mais em nada, no sentido
que a palavra «crer» tem no Novo Testamento. A lançar o alarme na presença do
Papa foi o Pregador da Casa Pontifícia Padre Raniero Cantalamessa na homilia da celebração
da Paixão do Senhor, esta tarde na Basílica de São Pedro. “Existem hoje dois ecumenismos
possíveis: um ecumenismo da fé e um ecumenismo da incredulidade; um que reúne todos
aqueles que crêem que Jesus é o Filho de Deus, que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo,
e que Cristo morreu para salvar a todos os homens, e um que reúne todos aqueles que,
em reverência ao símbolo de Nicéia, continuam a proclamar esta fórmula, mas esvaziando-a
do seu verdadeiro conteúdo – salientou o Pragador da Casa Pontificia que recordou
que “nas batalhas medievais havia um momento no qual, superadas as infantarias, os
arqueiros, a cavalaria e todo o resto, a multidão se concentrava á volta do rei. Ali
se decidia o êxito final da batalha. Também para nós a batalha hoje é á volta do rei.
Existem edifícios ou estruturas metálicas assim feitas que se se toca um certo ponto
nevrálgico, ou se se tira uma certa pedra, tudo desaba. No edifício da fé cristã esta
pedra angular é a divindade de Cristo. Removida esta, tudo se evapora e, antes de
qualquer coisa, a fé na Trindade. Segundo o Padre Raniero Cantalamessa o que está
em jogo no início do terceiro milênio não é o mesmo que estava no início do segundo
milênio, quando se produziu a separação entre oriente e ocidente, e também não é a
mesma coisa que na metade do mesmo milênio, quando se produz a separação entre católicos
e protestantes. Podemos dizer que a maneira exacta de proceder do Espírito Santo do
Pai e o problema da relação entre fé e obras são os problemas que apaixonam os homens
de hoje e com o qual permanece ou cai a fé cristã? O mundo caminhou para a frente
e nós ficámos presos estamo a problemas e fórmulas que o mundo não conhece, nem tão
pouco o significado. Na sua homilia o Padre Cantalamessa recordou depois as palavras
da Primeira Carta de São João:”vence o mundo somente quem acredita que Jesus é o Filho
de Deus”. Permanecendo neste critério - salientou - a fundamental distinção entre
os cristãos não é entre católicos, ortodoxos e protestantes, mas entre aqueles que
crêem que Cristo é o Filho de Deus e aqueles que não crêem.