Igreja chinesa em destaque na Via Sacra de Sexta Feira Santa no Coliseu de Roma
(19/3/2008) A tradicional celebração da Via-Sacra no Coliseu de Roma, durante a Sexta-feira
Santa, vai centrar-se este ano na China, muito por força das meditações das 14 estações,
preparadas pelo Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Bispo de Hong Kong, a convite de Bento
XVI. Os textos, já publicados, mostram uma grande atenção em relação à Igreja
perseguida, em especial na Ásia, embora não haja referências a casos específicos.
Não é difícil ler, contudo, indicações à China ou à Birmânia nas passagens que falam
do ateísmo, da tirania e dos mártires. Fala-se também de pastores que atraiçoam o
seu próprio rebanho. Na introdução, o Cardeal Zen admite que na elaboração das
meditações “tive de fazer um grande esforço para purificar-me de sentimentos de pouca
caridade para com os que fizeram sofrer Jesus e os que fazem sofrer, no mundo de hoje,
os nossos irmãos”. Em entrevista ao Centro Televisivo Vaticano, o prelado chinês
admite que viu no convite do Papa um desafio a levar ao Coliseu de Roma “a voz da
China”. “A memória da Paixão de Nosso Senhor, naturalmente, refere-se bem ao sofrimento
presente, ainda hoje, na Igreja e a China conta com muitos fiéis que sofrem por causa
da sua fé”, refere. A oração final lembra o drama da Igreja “clandestina”, fiel
ao Papa, mas não reconhecida por Pequim. “Senhor, torna-nos perseverantes para estar
junto da Igreja do silêncio e aceitar desaparecer e morrer como o grão de trigo”,
vai rezar-se no Coliseu. As imagens orientais vão também dominar os quadros da
Via-Sacra, com um Pilatos chinês, soldados romanos de olhos em bico e um sinédrio
vestido com trajes tradicionais da China, entre outros.