CARD. BERTONE: "A VIDA DE CHIARA É UM HINO AO AMOR DE DEUS"
Cidade do Vaticano, 18 mar (RV) – Realizou-se esta tarde, na Basílica de S.
Paulo Fora dos Muros, o funeral de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares,
que faleceu no dia 14 aos 88 anos.
A cerimônia foi presidida pelo secretário
de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, e concelebrado pelos cardeais Stanisław Ryłko,
Walter Kasper e Andrea di Montezemolo, com numerosos bispos e sacerdotes. Estavam
presentes também autoridades civis e líderes religiosos cristãos, muçulmanos, judeus
e budistas.
Na homilia, o Cardeal falou da vida de Chiara Lubich como um "hino
ao amor de Deus, a Deus que é Amor".
O purpurado recordou que o século XX é
constelado por astros luminosos do amor divino. Portanto, "não deve ser recordado
somente pelas maravilhosas conquistas obtidas no campo da técnica e da ciência e do
progresso econômico, que, porém, não eliminou, ao contrário, por vezes acentuou a
injusta divisão dos recursos e dos bens entre os povos".
O secretário de Estado
prosseguiu afirmando que o século XX não passará para história somente pelos esforços
realizados para construir a paz, que infelizmente não impediram crimes horrendos contra
a humanidade e conflitos e guerras que não param de ensangüentar vastas regiões da
terra.
"O século passado, embora repleto de contradições, é o século em que
Deus suscitou inúmeros e heróicos homens e mulheres que, enquanto curavam as feridas
dos enfermos e dos sofredores e compartilhavam a sorte dos menores, dos pobres e dos
últimos, dispensavam o pão da caridade que cura os corações, abriam as mentes à verdade,
restituíram confiança e estímulo a vidas despedaçadas pela violência, pela injustiça,
pelo pecado", analisou.
O século XX foi caracterizado também pelo nascimento
de novos Movimentos eclesiais, "e Chiara Lubich encontra lugar nesta constelação,
com um carisma que é todo seu".
"A fundadora do Movimento dos Focolares, com
estilo silencioso e humilde, não cria instituições de assistência e promoção humana,
mas se dedica a acender o fogo do amor de Deus nos corações, suscita pessoas que vivam
o carisma da unidade e da comunhão com Deus e com o próximo", afirmou.
Para
o cardeal, essa missão é possível a todos, porque o Evangelho está ao alcance de todos:
bispos e sacerdotes, jovens e adultos, consagrados, leigos, esposos, famílias e comunidades,
todos chamados a viver o ideal da unidade. "Que todos sejam um!"
Sobre o Movimento
dos Focolares, o purpurado afirmou que se trata de um movimento que se compromete
a viver o Evangelho à letra, "a mais poderosa e eficaz revolução cultural", e citou
o Brasil, onde, para ir ao encontro das condições daqueles que vivem nas periferias
das metrópoles, lançou o projeto de uma "economia de comunhão na liberdade", lançando
uma nova teoria e práxis econômica baseadas na fraternidade, por um desenvolvimento
sustentável em benefício de todos.
Durante a homilia, o cardeal leu a mensagem
que Bento XVI enviou para a ocasião.
O papa disse "que muitos são os motivos
para dar graças a Deus pelo dom de Chiara Lubich à Igreja, essa mulher de fé corajosa,
grande mensageira de esperança e de paz, fundadora de uma grande família espiritual
que abraça vários campos de evangelização".
Em primeiro lugar, o papa agradece
a Deus pelo serviço que Chiara ofereceu à Igreja: um serviço silencioso e incisivo,
sempre em sintonia com o magistério da Igreja. "Poder-se-ia inclusive afirmar que,
olhando para as iniciativas que suscitou, tinha quase a profética capacidade de intuir
o pensamento dos pontífices e aplicá-lo antecipadamente".
A sua herança, afirma
o Bento XVI, passa agora à sua família espiritual: "Que a Virgem Maria, modelo constante
de referência para Chiara, ajude cada focolarino e focolarina a prosseguir sobre o
mesmo caminho, contribuindo de modo que a Igreja seja sempre mais casa e escola de
comunhão". (BF)