2008-03-17 20:00:57

BENTO XVI: MORTE DE DOM RAHHO INSPIRE NOS IRAQUIANOS VONTADE DE VIVER EM PAZ E JUSTIÇA


Cidade do Vaticano, 17 mar (RV) - "Um homem de paz e de diálogo" entre os cristãos e os muçulmanos de seu país, condenado a um fim "desumano", seguido de uma "indigna sepultura". Com essas palavras, Bento XVI iniciou suas atividades de hoje recordando o arcebispo caldeu morto em Mossul após ter sido seqüestrado, Dom Paulos Faraj Rahho.

Celebrando na capela "Redemptoris Mater", na residência pontifícia vaticana, a missa em sufrágio pelo prelado iraquiano, o papa usou palavras de solidariedade para com o Iraque: "Que o exemplo de Dom Rahho possa ajudar todos os iraquianos de boa vontade na construção de uma nação pacífica e solidária".

Bento XVI ressaltou a comoção pela morte de um homem justo e a consciência, ditada pela fé, de que nessa morte se encontra a semente e o exemplo para que cristãos e muçulmanos consigam finalmente construir, no Iraque, uma convivência "fundada na fraternidade humana e no respeito recíproco".

O Evangelho da missa desta manhã, com o episódio de Maria de Betânia que unge os pés de Jesus, sugeriu ao papa o seguinte paralelo:

"Penso no sagrado Crisma que ungiu a fronte de Dom Rahho no momento de seu Batismo e de sua Crisma: que ungiu suas mãos no dia da Ordenação sacerdotal e, depois, a cabeça e as mãos quando foi consagrado. Mas penso também nas tantas 'unções' de afeto filial, de amizade espiritual, de devoção que os seus fiéis reservavam à sua pessoa, e que o acompanharam nas horas terríveis do seqüestro e da dolorosa prisão, aonde talvez já tenha chegado ferido, até a agonia e a morte. Até aquela sepultura, onde depois foram encontrados os seus restos mortais."

Contemplando o mistério da dor da Semana Santa, Bento XVI fez uma analogia entre os sofrimentos de Dom Rahho e o suplício sofrido pelo "Servo sofredor", descrito na liturgia do profeta Isaías, tão misterioso em sua identidade quanto igual em tudo ao Cristo da Paixão.

O papa observou que o Servo é apresentado como aquele que trará, proclamará, estabelecerá o direito: três verbos cuja "insistência", disse Bento XVI, "não pode passar despercebida".

E o Servo que "realizará essa missão universal com a força não violenta da verdade", prefigura Jesus, que, mesmo "diante de uma injusta condenação, dá testemunho da verdade permanecendo fiel à lei do amor":

"Nesse mesmo caminho, Dom Rahho tomou a sua cruz e seguiu o Senhor Jesus e, assim, contribuiu para levar o direito a seu país martirizado e ao mundo inteiro, dando testemunho da verdade. Ele foi um homem de paz e de diálogo. Sei que ele tinha uma predileção particular pelos pobres e pelos portadores de deficiência, para os quais criou uma associação pela assegurar-lhes assistência física e psíquica. A associação foi por ele denominada 'Alegria e Caridade', à qual havia confiado a tarefa de valorizar tais pessoas e de auxiliar suas famílias, muitas das quais haviam aprendido dele a não esconder tais familiares e a ver neles o próprio Cristo. Que o seu exemplo ajude todos os iraquianos de boa vontade, cristãos e muçulmanos, a construir uma convivência pacífica, fundamentada na fraternidade humana e no respeito recíproco."

Bento XVI fez votos de que especialmente os cristãos do país sejam os primeiros a acreditar num "futuro melhor" para o Iraque: "Como o amado arcebispo Paulos se consumou sem reservas a serviço de seu povo, assim os cristãos saibam perseverar no compromisso da construção de uma sociedade pacífica e solidária no caminho do progresso e da paz". (RL/BF)







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