PECADOS "SOCIAIS" SÃO CONSEQUÊNCIA DA GLOBALIZAÇÃO, AFIRMA DOM GIROTTI
Cidade do Vaticano, 15 mar (RV) - Em entrevista concedida ao jornal "L'Osservatore
Romano", publicada domingo passado, Dom Gianfranco Girotti, membro da Penitenciaria
Apostólica, afirmou que existem "novas formas de pecado social", adaptadas à realidade
da globalização.
Transgressões "modernas" como a manipulação genética, a poluição
ambiental, o uso de drogas e as desigualdades sociais não devem ser confundidas com
o elenco dos piores pecados (gula, luxúria, avareza, ira, soberba, inveja e preguiça)
chamados "capitais". Capital vem do latim caput, que significa cabeça. São
pecados que geram muitos outros.
Segundo Dom Girotti, o maior perigo para
a alma hoje é "o mundo desconhecido" da bioética: "Dentro da bioética há áreas onde
devemos denunciar, sem qualquer espécie de dúvida, algumas violações dos direitos
fundamentais do ser humano, principalmente algumas experiências de manipulação genética,
cujo resultado é difícil de prever e controlar".
No campo social, o principal
perigo é o tráfico e o consumo de drogas. "A droga enfraquece a psique e obscura a
inteligência, deixando muitos jovens fora do circuito da Igreja", explicou. Injustiças
sociais e econômicas são uma grande ofensa e os fiéis devem pedir perdão e fazer penitência.
"A desigualdade social, quando os ricos se tornam cada vez mais ricos e os pobres
cada vez mais pobres, alimenta uma insuportável injustiça". Dom Girotti pediu também
uma maior consciência ambiental e colocou na lista de pecados as ofensas ecológicas.
O bispo recordou que o pecado deixou de ser apenas uma questão pessoal e passou
a ter influência mais ampla dentro da sociedade por causa da globalização. "A atenção
ao pecado agora é mais urgente por causa dos reflexos maiores e mais destruidores
que pode ter", declarou ao jornal.
De fato, na entrevista, Dom Girotti recordou
que entre os grandes pecados estão o aborto e a pedofilia e comentou o escândalo dos
abusos sexuais cometidos por sacerdotes. Ele admitiu que se trata de um problema grave,
mas denunciou uma espécie de campanha contra a Igreja Católica por parte dos meios
de comunicação.
A entrevista foi concedida após um curso de atualização, de
seis dias, ministrado por ele aos padres confessores, no Vaticano. (CM/BF)