2008-03-14 12:09:23

Não ao racismo e à vingança, sim ao diálogo construtivo, na defesa dos direitos humanos, ancorados aos valores éticos: Bento XVI ao Embaixador da Bolívia


(14/3/2008) Perante o “profundo processo de transformação” que atravessa a Bolívia, Bento XVI sugere às autoridades do país e aos responsáveis das diversas organizações “prudência e sabedoria” para promover “o diálogo e o acordo”. Recebendo nesta sexta-feira de manhã no Vaticano as Cartas Credenciais do novo Embaixador boliviano junto da Santa Sé, Carlos Frederico de la Riva Guerra, o Santo Padre começou por evocar as “profundas raízes cristãs da Bolívia”, bem patentes no caloroso acolhimento reservado a João Paulo II, por ocasião da visita papal, há vinte anos atrás.
Desde então – observou o actual pontífice – o país tem vivido “um profundo processo de transformação que produz situações difíceis e por vezes preocupantes”. “Não é possível permanecer indiferentes quando cresce a tensão social e se difunde um clima que não favorece o entendimento”, criando pelo contrário obstáculos ao “diálogo construtivo para encontrar soluções de equidade económica e justiça em vista do bem comum, especialmente a favor dos que têm dificuldades para viver de maneira digna”.

“As autoridades que regem os destinos do povo, assim como os responsáveis das organizações políticas, sociais e civis, precisam da prudência e sabedoria que nasce do amor pelo homem, para promoverem em toda a população as condições necessárias ao diálogo e ao acordo”. Nesse sentido, Bento XVI invoca “a colaboração sincera e altruísta de pessoas e instituições” que possa contribuir para “erradicar os males que afligem o nobre povo boliviano, tantas vezes afectado também por catástrofes naturais, que reclamam de todos medidas eficazes e sentimentos de fraternidade que ajudem e superar as suas graves consequências”.
“O renascimento civil e social, político e económico – recorda o Papa – exige sempre uma laboriosidade desinteressada e uma entrega generosa a favor de um povo que reclama ajuda material, moral e espiritual. A consecução da paz há-de assentar na justiça, na verdade e na liberdade, assim como na cooperação recíproca, no amor e na reconciliação entre todos”.

Pela sua parte, “a Igreja, conhecendo bem as necessidades e esperanças do povo boliviano, oferece o anúncio da fé e a sua experiência em humanidade, para o ajudar a crescer espiritualmente e a alcançar a sua plena realização humana. Fiel à sua missão, (a Igreja) está sempre pronta a colaborar na pacificação e no desenvolvimento humano e espiritual do país”, no respeito das “competências próprias do Estado”. O dever assumido pela Igreja é o de “orientar os seus fiéis, propondo-lhes, e a toda a sociedade, que se ponha de lado o ódio racial, o revanchismo e a vingança”, para que, “em vez de adoptar atitudes de divisão empreendam o caminho da solidariedade e da confiança mútua, no respeito da diversidade”.

Quase a concluir as suas palavras ao novo Embaixador da Bolívia, Bento XVI evocou o Documento final da recente Conferência do Episcopado da América Latina, em Aparecida, no qual “os Bispos consideraram urgente colaborar com as instâncias políticas e sociais para criar novas estruturas que consolidem uma ordem social, económica e política, promovam uma autêntica convivência humana, impeçam a prepotência de alguns e facilitem o diálogo fraterno, sincero e construtivo para os necessários consensos sociais”. Para tal – recordou ainda o Papa – “é preciso que a defesa e salvaguarda dos direitos humanos esteja firmemente ancorada aos valores éticos, como a justiça e a aspiração à paz, a honestidade e a transparência, assim como a solidariedade efectiva para que se corrijam as injustas desigualdades sociais”.









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