BENTO XVI: HAITI PRECISA DE AJUDAS ECONÔMICAS E DE SACERDOTES "FIDEI DONUM"
Cidade do Vaticano, 13 mar (RV) - Bento XVI recebeu hoje em audiência os bispos
do Haiti, por ocasião de sua visita ad Limina.
O Santo Padre falou sobre a
miséria, o desemprego, como também sobre "as divisões e injustiças" que afligem a
Ilha caribenha.
Os níveis de desenvolvimento econômico e demográfico são eloqüentes
em sua objetividade: o Haiti é a nação mais pobre do Caribe; menos da metade de seus
habitantes tem um trabalho estável; tem uma expectativa de vida que não ultrapassa
os 50 anos e uma população em sua metade analfabeta e desprovida de acesso à água
potável; sem contar que para reservas alimentares e energia elétrica os haitianos
dependem, em grande parte, do fornecimento externo.
Assim, desde o início de
seu discurso, o papa lançou uma série de apelos à solidariedade: "Peço ao Senhor que
coloque no coração de todos os haitianos, em particular das pessoas que têm uma responsabilidade
social, a coragem de promover a mudança e a reconciliação, a fim de que os habitantes
do país tenham condições de vida dignas e que se beneficiem com os bens da terra dentro
de uma solidariedade sempre maior. Não posso esquecer aqueles que são obrigados a
emigrar para satisfazer suas necessidades. Faço votos de que a comunidade internacional
prossiga e intensifique o seu apoio ao povo haitiano, para permitir-lhe assumir as
rédeas de seu futuro e de seu desenvolvimento".
A crise do país acaba inevitavelmente
atingindo também as relações familiares. O pontífice partilhou a preocupação dos bispos
haitianos pela "perda progressiva do sentido do matrimônio e da família", colocados
"no mesmo nível de outras formas de união".
Através das palavras do documento
conciliar Gaudium et spes (Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo),
o pontífice relançou a necessidade de uma pastoral atenta às famílias, de modo particular
às famílias mais jovens, para que sejam auxiliadas e formadas para o "respeito pela
vida".
O Santo Padre dedicou amplo espaço de seu discurso ao crescimento do
clero haitiano, pedindo que os sacerdotes se abstenham de compromissos políticos e
que se dispense mais atenção às vocações, buscando grupos de formadores para os seus
seminários:
"Convido os senhores a proverem com os episcopados de outros países
o fornecimento de formadores especialistas, com uma vida sacerdotal exemplar, para
acompanhar ao longo das várias etapas a formação humana, moral, espiritual e pastoral
dos futuros sacerdotes, dos quais as suas dioceses precisam. Disso depende o futuro
da Igreja no Haiti. Possam as Igrejas locais acolher esse apelo e aceitar doar sacerdotes
que contribuam para a formação dos seminaristas, segundo o espírito da encíclica Fidei
donum."
Nas palavras de Bento XVI foi também recordada a viagem apostólica
que João Paulo II fez à Ilha caribenha, 25 anos atrás, e o lema que a acompanhou.
Um lema que incitava a uma mudança, para a qual Bento XVI ressaltou a contribuição
das escolas católicas, muito estimadas no Haiti pelo trabalho prestado: "Façam com
que os jovens haitianos saibam que o papa confia neles, que conhece sua generosidade
e seu desejo de realizar com sucesso a própria vida, que Cristo os chama a uma existência
sempre mais bonita e que recordem que somente Ele é portador da verdadeira mensagem
de felicidade que dá sentido à existência. Um país que quer desenvolver-se, uma Igreja
que quer ser mais dinâmica, deve inicialmente concentrar os seus esforços na juventude".
(RL/BF)