DESAFIOS DA IGREJA NO HAITI CARACTERIZAM VISITA 'AD LIMINA' DOS BISPOS DA ILHA CARIBENHA
Cidade do Vaticano, 11 mar (RV) - Relançar a missão da Igreja no Haiti. É o
espírito que acompanha os bispos da Ilha caribenha, desde ontem, no Vaticano, para
a sua qüinqüenal visita 'ad Limina', de 5 dias.
Pobreza, violência e catástrofes
naturais caracterizam a vida de mais de 8 milhões de pessoas, a maioria das quais
_ cerca de 80% _ de fé católica. É ainda viva entre a população local, a recordação
da visita pastoral de João Paulo II, feita ao país 25 anos atrás.
Mas qual
é hoje a situação da Igreja no Haiti? Quem nos responde é o bispo de Hinche e presidente
da Conferência episcopal do país caribenho, Dom Louis Kébreau:
Dom Louis
Kébreau:- "Atualmente, a Igreja no Haiti encontra-se numa fase de missão. No dia
8 de dezembro passado celebramos dois grandes eventos: os 125 anos do fim da epidemia
de varíola em nosso país, erradicada graças à intervenção de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro (padroeira do Haiti), e o aniversário da consagração do Haiti à Virgem Maria.
Esses dois eventos deram-nos a ocasião de lançar a 'Grande Missão' que permitirá à
Igreja reencontrar o seu dinamismo, de modo que possa sentir-se testemunha da força
do Evangelho que coloca a chama da esperança em oposição à chama do mal, do pecado,
do ódio e da divisão, oferecendo assim um novo futuro ao nosso povo. Com essa missão,
queremos despertar e reforçar a fé, comprometer as paróquias numa pastoral 'samaritana'
e trabalhar pela promoção integral da pessoa humana. Portanto, permitir ao nosso país
renascer e trabalhar na construção de uma nova civilização do amor e da esperança."
P.
Dom Kébreau, o país vive graves problemas sociais: como a Igreja participa dos sofrimentos
do povo haitiano e quais soluções propõe?
Dom Louis Kébreau:- "A
Igreja sempre acompanhou este povo mediante as suas várias organizações, em particular,
a Caritas, que trabalha em vários âmbitos. Procuramos fazer o possível para oferecer
alívio ao povo que hoje sofre a miséria e para ajudá-lo a afrontar as dificuldades
da vida."
P. No ano passado, o papa visitou o continente americano, por
ocasião da Conferência de Aparecida, SP. Qual sinal deixou a presença de Bento XVI?
Dom
Louis Kébreau:- "Pessoalmente, posso dizer que a presença do Santo Padre foi uma
ocasião para tomar consciência da nossa missão hoje na Igreja. Fez-nos descobrir a
realidade na sua profundidade. Como disse em Aparecida, a realidade não pode ser reduzida
aos problemas econômicos e políticos, mas tem a sua fonte em Deus, e quando o primado
de Deus não é respeitado, a vida do homem é colocada em perigo. Creio que a presença
do Santo Padre tenha sido vivificante, um impulso a lançar-nos nesta iniciativa tão
importante, sintetizada no lema de Aparecida: 'Discípulos e missionários de Jesus
Cristo para que n'Ele os povos tenham vida: eu sou o caminho, a verdade e a vida'."
P.
No encontro com o Santo Padre, qual pedido os senhores trazem da parte do povo haitiano?
Dom
Louis Kébreau:- "Aquilo que nos interessa é o aspecto da missão hoje, um tema
afrontado pelo papa João Paulo II na Catedral de Porto Príncipe, no dia 9 de março
de 1983. Estamos em Roma para celebrar o aniversário daquela visita e rezamos para
que o Evangelho nos torne homens novos e nos permita ajudar realmente o nosso povo.
Vivemos num tempo difícil e de cansaço, mas penso que essa oração por uma nova evangelização
nos oferecerá novo impulso para organizar melhor as nossas paróquias, para auxiliar
os nossos sacerdotes e melhorar a formação dos nossos seminaristas, para que verdadeiramente
o Evangelho seja um fator de transformação radical de todo o ser humano." (RL)