Arcebispo venezuelano pede reconciliação com países vizinhos; Secretário Geral da
ONU pediu moderação e convidou os países envolvidos na crise a partilharem as suas
preocupações num espírito de diálogo e cooperação
(5/3/2008) O vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), e arcebispo
de Coro, D. Roberto Lückert , fez um apelo à reconciliação e pediu ao governo do país
que evite qualquer confronto bélico com a Colômbia e outros países vizinhos. Em
declarações a "Unión Radio", o Arcebispo afirmou que é um erro que o presidente Hugo
Chávez procure "exacerbar o nacionalismo dos venezuelanos num confronto com a Colômbia".
D. Lückert recordou que na Venezuela vivem mais de cinco milhões de colombianos
e se os estrangeiros que moram em Zulia, na fronteira entre os dois países, decidirem
voltar para o seu país, a agroindústria nacional pode sofrer graves consequências.
Nesse sentido, afirmou que Chávez "não pode levar a Venezuela a um conflito bélico
somente por interesses pessoais, mas tem de consultar os venezuelanos". D. Roberto
Luckert confirmou aos jornalistas que as presidências episcopais da Colômbia, Venezuela
e Equador estão a estudar os tempos e modalidades de um encontro de bispos das três
nações com o objectivo de coordenar acções pastorais que favoreçam o avanço do desanuviamento
e ajudem a retomar o diálogo. Também o secretário geral das Nações Unidas Ban Ki-
Moon manifestou as suas preocupações pelo aumento da tensão entre Venezuela, Colômbia
e Equador: pediu moderação e convidou os três países a partilharem as suas preocupações
num espírito de diálogo e cooeperação que tradicionalmente caracterizou as suas relações. A
crise entre Bogotá, Caracas e Quito foi ontem à noite discutida numa reunião de emergência
da Organização de Estados Americanos (OEA), em Washington. Os países da região criticaram
a acção colombiana em solo equatoriano, que para Quito foi "uma violação planificada
e premeditada da soberania".
Recorde-se que a crise entre os três países da
América Latina teve origem no passado sábado, quando os colombianos promoveram uma
incursão militar no Equador, que resultou na morte do número dois das FARC, Raúl Reyes,
e de mais 16 guerrilheiros. O Governo de Uribe revelou depois que informações obtidas
de um computador resgatado no local da acção mostravam que Chávez teria dado 300 milhões
de dólares ao grupo guerrilheiro e que as FARC pretendiam adquirir urânio para fabricar
uma "bomba suja", ou seja, armas de destruição em massa.
Provocação, ou não,
a verdade é que cerca de nove mil militares venezuelanos começaram ontem a ser destacados
para a fronteira com a Colômbia, país que tem o maior exército regular de entre os
três envolvidos na crise.
O Equador também enviou tropas para a fronteira com
a Colômbia, classificando o ataque militar colombiano de sábado como uma violação
da sua soberania.
Tanto a Venezuela como o Equador decidiram romper relações
com a Colômbia, e o Governo de Caracas já expulsou do país o embaixador colombiano.