DOM MIGLIORE NA ONU: "É PRECISO ELIMINAR PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS CONTRA AS MULHERES"
Nova York, 04 mar (RV) - Realiza-se na sede da ONU, em Nova York, a 52ª sessão
da comissão das Nações Unidas sobre o status das mulheres. Representando a Santa Sé
interveio ontem o arcebispo Celestino Migliore, que falou das iniciativas que devem
ser promovidas a favor das mulheres.
O arcebispo afirma que, na última década,
aumentou o envolvimento da mulher em todos os âmbitos de decisão, especialmente no
campo econômico. "A presença da mulher é indispensável para que suas exigências sejam
levadas em consideração", defendeu Dom Migliore.
Sobre os Objetivos do Milênio,
o arcebispo recordou que o acesso à educação em todos os níveis é o núcleo para o
seu desenvolvimento. Neste trabalho de promover a educação, a Santa Sé permanece engajada
em oferecer educação a moças e crianças. Em muitas partes do mundo, a presença feminina
em instituições católicas de educação é predominante.
Todavia, Dom Migliore
advertiu que o acesso à educação não pode ser um trabalho isolado: "É preciso investir
contemporaneamente na eliminação de práticas discriminatórias. É preciso garantir
à mulher iguais oportunidades, iguais salários, justas promoções de carreira, igual
acesso à saúde e direitos familiares. Uma atenção prioritária deve ser dada a programas
de assistência para mulheres necessitadas, em especial para vítimas de abusos sexuais
e físicos".
Contudo, a presença cada vez mais assídua da mulher no campo profissional
comportou novas mudanças, como a exploração e o tráfico de mulheres para fins econômicos
e sexuais.
Além disso, o crescente número de mulheres trabalhando fora do lar
obriga os governos a varar leis, implementar programas e reforçar medidas para proteger
a mulher de "predadores inescrupulosos e condições subumanas e degradantes de trabalho".
Muitas vezes, afirmou o arcebispo, o trabalho da mulher dentro da família,
como esposa e mãe, não é reconhecido e estimado. A mulher, portanto, enfrenta um dúplice
desafio: criar os filhos e conquistar sua independência econômica. Certamente, recordou
Dom Migliore, os homens têm que assumir suas responsabilidades em casa e na família.
Por
fim, a Santa Sé pede aos governos, à sociedade civil e a organizações religiosas que
trabalhem juntos para encontrar meios criativos para promover o pleno acesso da mulher
a programas de desenvolvimento. Iniciativas, como o microcrédito, demonstram o potencial
da mulher em encontrar soluções criativas e inovadoras no campo econômico. (BF)