No último dia de visita a Cuba, o Cardeal Tarcisio Bertone aponta que o Estado e a
Igreja têm campos autónomas mas de «cooperação»
(27/2/2008) No último dia de permanência em Cuba, o Secretário de Estado do Vaticano
Cardeal Tarcisio Bertone manteve um encontro com o Corpo Diplomático, creditado em
Cuba, evidenciando nesta ocasião, que, passado 10 anos, após a visita de João Paulo
II, Cuba deu mostras de entrega e capacidade de desenvolvimento. “É evidente o progresso
alcançado no exercício de solidariedade com os países de África, Ásia, Caribe e América
Latina, especialmente nos campos da educação. Citando a constituição pastoral Gaudium
et spes, o Cardeal Bertone lembrou que a comunidade política e a Igreja são independentes
e autónomas nos seus campos. “As duas estão ao serviço da vocação pessoal e social
do homem”, afirmou. Este serviço será melhor concretizado, quanto melhor for a “sã
cooperação entre ambas, tendo em conta as circunstâncias de lugar e tempo”. A
declaração Dignitatis humanae, do Concílio Ecuménico Vaticano II, recorda o compromisso
da comunidade civil, para o bem dos cidadãos, que “não se pode limitar a algumas dimensões
da pessoa, como a saúde física, o bem estar económico, a formação intelectual ou as
relações sociais. O ser humano tem também uma dimensão religiosa, que se reflecte
nos actos voluntários e livres”, recordou o Secretário de Estado do Vaticano. “A
liberdade religiosa não seria integral e verdadeira se não tiver também uma dimensão
pública”, referiu, apontando que a liberdade religiosa não pertence apenas ao foro
privado, mas também à família, a grupos religiosos e à Igreja. Um Estado que queira
respeitar esta liberdade “não pode demitir-se de criar condições propícias para o
desenvolvimento da vida religiosa, de forma a que os cidadãos tenham a possibilidade
real de exercer os seus direitos e cumprir as suas obrigações espirituais”, advertiu
o Cardeal Bertone. O Cardeal Bertone afirmou ter enviado “saudações ao Presidente
Fidel Castro”, que conheceu pessoalmente em Outubro de 2005. Relembrando as alterações
no Conselho de Estado, o Cardeal Bertone afirmou que a Santa Sé com toda a Comunidade
Internacional, deseja “sucesso e capacidade de escuta para interpretar as necessidades
de cada cidadão, que tem o direito de se sentir orgulhoso de ser cubano, respeitado,
valorizado e representado por quem o governa”. Terminando, o Cardeal Bertone referiu
que durante a viagem “pude constatar a vitalidade da Igreja católica cubana e a sua
dedicação ao bem comum do país” e afirmou ter encontrado “grande disponibilidade de
diálogo e cooperação entre os governantes do país, tanto em temas nacionais como internacionais”.
“Este é um impulso positivo nas relações entre o Estado e a Igreja Católica em
Cuba, que podem olhar-se com serena esperança de uma nova etapa, certamente árdua
e exigente, que Cuba se propõe a viver”.