BISPOS EUROPEUS DEBATEM RELAÇÃO ENTRE CRISTÃOS E MUÇULMANOS NO CONTINENTE
Cidade do Vaticano, 26 fev (RV) - O Comitê conjunto da Conferência das Igrejas
Européias e do Conselho das Conferências Episcopais Européias encerrou seu encontro
no último domingo, em Londres, com a aprovação de um programa de trabalho sobre o
relacionamento com os muçulmanos na Europa.
Segundo um comunicado divulgado
na manhã desta segunda-feira, o comitê vai se reunir em Malines-Bruxelas, Bélgica,
de 20 a 23 de outubro, numa conferência européia entre cristãos e muçulmanos. O tema
será "Ser cidadãos europeus e católicos. Cristãos e muçulmanos como parceiros ativos
nas sociedades européias".
O secretário-geral do conselho, Dom Aldo Giordano,
explica que "a conferência debaterá questões relativas ao tema da laicidade, da relação
entre religião e laicidade, e dos valores e o Estado.
"É uma iniciativa nascida
num contexto cristão, mas nosso objetivo é envolver também os muçulmanos na preparação
do encontro, porque queremos falar de igual para igual e confrontar as nossas vozes"
_ afirma. Com esse objetivo, foi programado um encontro de preparação, em abril, em
Budapeste, Hungria, com a presença de muçulmanos representando as diversas áreas e
tradições muçulmanas da Europa.
A intenção das Igrejas é encorajar a realização
de um "Islã europeu". "É uma exigência _ explica Dom Giordano _ ainda que não seja
uma exigência comum, mas existe e precisamos aproveitar esta oportunidade. Significa
também que temos que perceber os sinais que nos são enviados pelo mundo muçulmano.
Por exemplo, a carta dos 138 líderes islâmicos ao papa, ou a carta dos muçulmanos
da Europa."
Mais de 120 imames europeus reuniram-se no último sábado, em Bruxelas,
a convite da Federação das Organizações Islâmicas da Europa (FOIE), para lançar a
Liga Européia dos Imames. Em janeiro passado, foi apresentada a primeira Carta dos
Muçulmanos Europeus, cujo ponto-chave é o pedido de maior envolvimento dos muçulmanos
nas sociedades do continente.
Essa carta foi assinada por mais de 400 organizações
e associações islâmicas, que representam mais de 20 países. Em especial, ela destaca
que os muçulmanos da Europa são chamados a integrar-se na sociedade de modo positivo,
"com base num equilíbrio harmonioso entre a preservação de sua identidade islâmica
e seu dever de cidadãos".
O documento, elaborado após 8 anos de consultas,
exorta também os muçulmanos que vivem na Europa a serem cidadãos "ativos", a começar
pelo exercício do direito de voto. (CM/AF)