Sede de Cristo - porta de acesso ao mistério de Deus": Bento XVI comentando o Evangelho
da Samaritana
(24/2/2008) Abrir o coração para escutar a palavra de Deus e, como a Samaritana,
encontrar Jesus que nos revela o seu amor: esta a exortação de Bento XVI, na alocução
do meio-dia, antes do Angelus. O Papa comentou o diálogo entre Jesus e a Samaritana,
da liturgia do III Domingo da Quaresma – “um dos mais belos e profundos textos da
Bíblia”, considerou. “É impossível transmitir numa breve explicação a riqueza desta
página evangélica: há que a ler e meditar pessoalmente, fazendo sua a experiência
vivida por aquela mulher que, num dia como outro qualquer, foi ao poço buscar água
e ali encontrou Jesus, sentado, ‘cansado da viagem’, sob o sol do meio-dia”… Jesus
pede água à mulher… para depois lhe falar da “água viva” capaz de apagar mesmo a sede
e de tornar-se para ela “manancial de água viva que brota para a vida eterna”…
“Tudo
isto a partir da experiência real e sensível da sede” – sublinhou Bento XVI, observando
que “o tema da sede atravessa todo o Evangelho de João: desde o encontro com a Samaritana…
até à Cruz, quando Jesus, antes de morrer, disse, para que se cumprissem as Escrituras,
‘Tenho sede’.”
A sede de Cristo é uma porta de acesso ao mistério de Deus,
que quis passar sede para nos dessedentar, como se fez pobre para nos enriquecer.
SIM, Deus tem sede da nossa fé e do nosso amor. Como um pai bom e misericordioso deseja
para nós todo o bem possível e este bem é Ele próprio”.
“Por sua vez a mulher
da Samaria (fez notar ainda o Papa) representa a insatisfação existencial de quem
ainda não encontrou o que procura”. Mas tudo muda depois, quando encontra o Senhor
e entra em diálogo com Ele. Daqui o convite do Papa a abrir o coração à escuta da
palavra de Deus:
“Abramos também nós o coração à escuta confiante da palavra
de Deus para encontrar, como a Samaritana, Jesus que nos revela o seu amor e nos diz:
o Messias, o teu salvador ‘sou eu, que te falo’. Obtenha para nós este dom Maria,
primeira e perfeita discípula do Verbo feito carne.”
Depois das Ave Marias,
Bento XVI referiu com preocupação as recentes inundações que devastaram amplas zonas
costeiras do Equador, provocando gravíssimos danos, que se vêm juntar aos que tinham
sido já causados pela erupção do vulcão Tungurahua. “Confiando ao Senhor as vítimas
destas calamidades, exprimo a minha proximidade pessoal a quantos estão vivendo horas
de angústia e tribulação. Convido todos a uma fraterna solidariedade, para que as
populações daquelas zonas possam regressar, o mais rapidamente possível, à normalidade
da vida quotidiana”.