PAPA DIZ QUE IGREJA PRECISA DOS JESUÍTAS E CONTA COM ELES PARA LEVAR EVANGELHO AONDE
OUTROS NÃO CHEGAM
Cidade do Vaticano, 21 fev (RV) – Bento XVI recebeu em audiência esta manhã,
na Sala Clementina, no Vaticano, os 226 membros da 35ª Congregação-geral da Companhia
de Jesus, que há um mês elegeram o novo prepósito-geral, Pe. Adolfo Nicolás.
Em
seu discurso, o Santo Padre lembrou que, por um lado, há um mundo que é "teatro de
uma batalha entre o bem e o mal": onde o mal se incuba no individualismo de idéias
e ações em que o sagrado é relativo, se propaga mediante a "confusão de mensagens",
que tornam difícil a escuta da Mensagem de Cristo, e se estagna naquelas "situações
de injustiça" e de conflito das quais os pobres são as primeiras vítimas.
Por
outro lado, há uma Ordem religiosa que, em quase quinhentos anos, foi capaz de desafiar
toda diversidade histórica e cultural e de levar realmente o Evangelho aos confins
do mundo, graças à inteligência e à abnegação de pessoas que respondem pelo nome de
Francisco Xavier, Matteo Ricci ou Roberto De Nobili, somente para citar os mais renomados.
Esses
exemplos ainda servem hoje, e Bento XVI pediu à Companhia de Jesus que forme "pessoas
de fé sólida e profunda, de cultura séria e de genuína sensibilidade humana e social":
"Como reiteradas vezes os meus Predecessores disseram aos senhores, a Igreja precisa
de vocês, conta com vocês, e continua dirigindo-se a vocês com confiança, em particular
para alcançar aqueles lugares físicos e espirituais onde outros não chegam ou têm
dificuldade de chegar".
O papa constatou que hoje não são tanto "os mares ou
as grandes distâncias que desafiam os anunciadores do Evangelho, mas as fronteiras
que, seguindo uma errada ou superficial visão de Deus e do homem, se interpõem entre
a fé e o saber humano, entre a fé e a ciência moderna e entre a fé e o compromisso
com a justiça".
"Por isso, os convidei e os convido a refletirem para encontrar
o sentido mais pleno daquele seu característico 'quarto voto' de obediência ao Sucessor
de Pedro, que não comporta somente a prontidão a ser enviado em missão a terras distantes,
mas também a 'amar e servir' o Vigário de Cristo na terra, com aquela devoção 'efetiva
e afetiva' que deve fazer dos senhores os preciosos e insubstituíveis colaboradores
do papa em seu serviço à Igreja presente no mundo inteiro", afirmou.
Bento
XVI expressou apreço pelas obras de solidariedade com as quais os jesuítas se colocaram
a serviço dos refugiados. Ao chamar a atenção para que tais obras "conservem sempre
uma clara e explícita identidade", que não prejudique a bondade do trabalho apostólico,
o papa se deteve sobre o sentido cristão do serviço aos que se encontram necessitados:
"Para nós, a opção pelos pobres não é ideológica, mas nasce do Evangelho. São inúmeras
e dramáticas as situações de injustiça e de pobreza no mundo de hoje e é preciso comprometer-se
a compreender e a combater as suas causas estruturais". (RL/BF)