2008-02-19 12:52:35

NO PARLAMENTO, CARD. PELL PEDE DESCULPA AOS ABORÍGINES E OS CONVIDA PARA DMJ


Canberra, 19 fev (RV) - "À sombra da cruz, cometeram-se muitos abusos contra os aborígines australianos." Depois do pedido de desculpas, dias atrás, do premiê Kevin Rudd, ontem foi a vez do arcebispo de Sydney, cardeal George Pell, que colheu a ocasião da chegada ao parlamento dos dois símbolos do Dia Mundial da Juventude (DMJ), para fazer o mea-culpa em nome da Igreja pelos crimes cometidos contra os aborígines.

"É o momento de rezar pela justiça, a paz e a igualdade em nosso país", disse o Cardeal Pell, ressaltando que, justamente neste momento, é preciso reconhecer que, em tempos passados de nossa história, a cruz não foi levada com fidelidade por aqueles que professavam seguir Cristo.

As palavras do arcebispo de Sydney não são inéditas. Outros homens da Igreja na Austrália tocaram recentemente o doloroso tema da evangelização dos nativos e seus métodos. Mas o local escolhido pelo Cardeal Pell, o parlamento, para reabrir esta ferida da sociedade australiana é significativo. Mesmo porque o discurso foi proferido diante do premiê Rudd, que, apenas poucos dias atrás, falando em nome da Austrália "oficial", da política, do parlamento, da sociedade "branca", pediu perdão aos aborígines. Perdão, em particular, à "geração roubada", a dezenas de milhares de aborígines que foram subtraídos com a força, quando crianças, às suas mães e confiados a missões cristãs ou a famílias brancas, segundo uma política de assimilação abolida somente em 1970.

A cruz do DMJ (de mais de três metros, que será içada por ocasião do evento juvenil, em julho) e o ícone de Maria estão acompanhados de um ''message stick'' (bastão de madeira característico, inciso com símbolos, usado para levar mensagens de uma "nação" aborígine a outra). Esta decisão também denota um significado particular: o convite a todos os jovens indígenas da Austrália a participar do DMJ.

"Não devemos ignorar as verdades 'ruins'", escreve o Cardeal Pell em um artigo publicado ontem por um jornal de Sydney: "Os maus-tratos sistemáticos contra muitos aborígines, por tantas gerações, foram perpetrados por uma pequena minoria, mas tolerados e permitidos na opinião da maioria, que demonstrou indiferença, hostilidade e preconceito ao longo de gerações".

A posição da Igreja australiana em relação aos aborígines não é nova, tanto que o próprio cardeal Pell recordou que, em 1998, a Conferência Episcopal Australiana pediu perdão por toda a responsabilidade da Igreja ao dividir e destruir famílias indígenas, e reconheceu a triste seqüência de injustiças sofridas pelos aborígines desde a chegada dos europeus. (CM/BF)







All the contents on this site are copyrighted ©.