(18/2/2008) O Parlamento do Kosovo, reunido em sessão extraordinária, aprovou por
unanimidade, neste domingo, uma declaração de independência daquele território relativamente
à Sérvia. A declaração, lida pelo primeiro-ministro Hashim Thaçi, diz que o Kosovo
será um Estado democrático, com respeito pelos direitos de todas as comunidades étnicas. Os
vários governos europeus tentarão hoje, em Bruxelas, na reunião de ministros de Negócios
Estrangeiros, assegurar a coesão que lhes seja possível face à declaração unilateral
de independência do Kosovo. A arma diplomática que pode ser decisiva é a missão de
estabilização da União Europeia (UE) que já está na região - com 100 homens a fazer
o planeamento de toda a acção e acompanhar todos os movimentos. Para evitar divisões
há duas linhas diplomáticas que estão em acção. A primeira é dar "flexibilidade" aos
27 estados-membros para reconhecerem, ou não, a independência do Kosovo. A segunda
é garantir que a missão europeia (que só esta semana foi formalmente aprovada e definida
em termos operacionais) seja posta no terreno quanto antes, para evitar tentações
de conflitos na região. Para já, um bom sinal é que a definição dos contornos da
missão foi aprovada por todos os 27. O que garante, para a reunião de hoje, uma base
comum que evitará (por agora) o caos diplomático que a UE viveu nos tempos da guerra
no Iraque.
Resta, depois, resolver outro fantasma a legitimidade da missão
(especialmente se vierem a confirmar-se problemas no terreno), aos olhos da comunidade
internacional.
A Sérvia admite poder vir a bloquear as suas relações diplomáticas
com os países que vierem a reconhecer a independência do Kosovo, sobretudo os EUA
e os membros da UE, conforme ameaçou o presidente Boris Tadic, na sexta-feira passada,
ao ser reempossado em funções.
A Rússia, que apoia fortemente a Sérvia, exigiu
que a missão da ONU e as forças da OTAN presentes no Kosovo "intervenham imediatamente
de acordo com o seu mandato (...), incluindo a anulação" da declaração unilateral
da independência. A Santa Sé, fiel à sua missão moral e espiritual, exercida também
no campo internacional, convida todos, em particular os responsáveis políticos da
Sérvia e do Kosovo, à prudência e à moderação, pedindo um empenho concreto para esconjurar
reacções extremistas e desvios violentos e para criar desde já os pressupostos de
futuras vias de respeito, reconciliação e colaboração.
A Santa Sé sublinha
que há que dedicar particular atenção à salvaguarda da democracia e do estado de direito,
à aplicação no Kosovo dos standards internacionais relativos ao respeito dos direitos
das minorias e de todos os habitantes, sem distinção de etnia, religião, língua ou
nacionalidade, à protecção do património artístico-cultural cristão e à promoção da
estabilidade regional e faz votos de que a Comunidade internacional se empenhe nesse
sentido, de modo especial e coerente.