2008-02-18 14:20:22

Hoje, eleições politicas e provinciais no Paquistão:Igreja apela ao voto


(18/2/2008) Mais de 80 milhões de paquistaneses são chamados hoje às urnas para votar em eleições legislativas e provinciais cruciais para a única potência nuclear do mundo muçulmano, que enfrenta uma profunda crise política e uma vaga de atentados presumivelmente ligados à Al-Qaida. O escrutínio é tanto mais importante quanto o Paquistão tem estado nos últimos meses sob alta vigilância da comunidade internacional. Os Estados Unidos multiplicaram os comentários e pressões sobre o presidente Pervez Musharraf, seu aliado chave na “guerra contra o terrorismo”, considerando Washington que os fundamentalistas ameaçam um Estado essencial para a estabilidade da região e que a Al-Qaida e os talibãs reconstituíram as suas forças na zonas tribais do noroeste paquistanês que faz fronteira com o Afeganistão. O cenário “ideal” caiu por terra a 27 de Dezembro quando a ex-primeira-ministra e líder da oposição, Benazir Bhutto, foi assassinada num atentado suicida.
Sob pressão norte-americana, Pervez Musharraf negociava com Benazir Bhutto uma partilha de poder por ocasião das legislativas previstas na altura para oito de Janeiro. O escrutínio foi adiado para 18 de Fevereiro, mas o Partido do Povo Paquistanês conduzido agora pelo viúvo de Benazir, Asif Ali Zardari, tem alertado para a possibilidade de fraude eleitoral. Dezenas de milhares de soldados foram destacados para todo o país como reforço para assegurar a segurança das 64 mil assembleias de voto e do milhar de observadores internacionais. A demonstração de força acontece durante a maior vaga de atentados, sobretudo suicidas, que afecta o país há meses. Os bombistas suicidas presumivelmente de grupos próximos da Al-Qaida e dos talibãs fizeram de 2007 o ano mais mortífero da história do Paquistão em termos de terrorismo, com mais de 800 mortos. Uma centena de pessoas morreu em atentados desde o início deste ano. Nesta República islâmica com cerca de 160 milhões de habitantes, a campanha eleitoral foi fraca, sobretudo depois da morte de Benazir Bhutto, com os políticos a recearem organizar grandes comícios e os paquistaneses mais preocupados com a degradação rápida do seu poder de compra e a sua segurança que com as lutas políticas.

O secretário da Comissão Episcopal Justiça e Paz no Paquistão, Peter Jacob, exortou os cristãos a participarem activamente nas eleições desta Segunda-feira.
"É necessário reforçar o sistema democrático que as forças extremistas querem danificar. As pessoas precisam de entender que o voto tem uma função importante na reforma do sistema. Não concordamos com aqueles que querem boicotar as eleições, e convidamos todas as pessoas a expressarem as suas preferências nas urnas", declarou Jacob.
O secretário da Comissão Episcopal sublinhou, como ponto positivo, o recente envolvimento das minorias religiosas no movimento pelos direitos civis, que luta pela independência do sistema judiciário, pelo Estado de direito e pela liberdade de expressão.
O Pe. Bonnie Mendes, director do "Centro de Desenvolvimento Humano" (Human Development Centre), disse que vários progressos foram realizados no que diz respeito ao direito eleitoral, pois antes existiam cédulas separadas para as minorias religiosas. O sacerdote ressaltou ainda que o povo não está satisfeito com os representantes do presidente Pervez Musharraf nas duas Câmaras do Parlamento.
"Os cristãos ainda precisam de trabalhar muito para participar activamente na vida política", concluiu.









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