BENTO XVI RETOMA AUDIÊNCIAS, NO VATICANO, APÓS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS: REFLEXÃO DO
CARDEAL COMASTRI
Cidade do Vaticano, 18 fev (RV) - Bento XVI, após a semana de exercícios espirituais,
retomou esta manhã as audiências, no Vaticano, encontrando os membros do Conselho
para as relações entre a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades
de Vida Apostólica e as Uniões Internacionais dos Superiores e das Superioras Gerais.
Ontem,
no Angelus dominical, o papa renovou o seu convite a viver esta Quaresma em
profundo recolhimento espiritual, fazendo jejum, em particular, de imagens e barulhos.
De fato, este tempo que precede a Páscoa _ escreveu na Mensagem para a Quaresma _
nos oferece "uma providencial ocasião para aprofundar o sentido e o valor do nosso
ser cristão".
Também participou dos exercícios espirituais, concluídos neste
sábado, no Vaticano, o arcipreste da Basílica de São Pedro, Cardeal Angelo Comastri.
A Rádio Vaticano perguntou ao purpurado qual a importância dos exercícios na vida
de um cristão. Eis o que ele nos disse:
Cardeal Angelo Comastri:- "Os
exercícios espirituais são um tempo particularmente intenso a ser dedicado ao Senhor,
para colocar-nos justamente sob a luz de Deus, de modo a ver todas as manchas que
foram feitas, depositadas em nossa vida. Por outro lado, não esqueçamos que Jesus
passava noites inteiras em oração. Jesus, antes de afrontar a grande luta da Paixão,
vai ao horto das oliveiras para rezar. O cristão justamente na medida na qual quer
ser discípulo de Jesus deve imergir-se na oração. E os exercícios espirituais são
um tempo de imersão profunda na oração, de modo que daqueles dias tão fortes e tão
intensos se consiga um grande impulso para seguir o Senhor com maior convicção, com
maior coerência."
P. Acolhamos Cristo, nosso sumo Sacerdote: os exercícios
espirituais partiram dessa reflexão. Significa que o acolhimento é um ponto focal
do período quaresmal?
Cardeal Angelo Comastri.- "Certamente, o primeiro
acolhimento é o acolhimento de Deus. Deus veio ao nosso encontro em Jesus Cristo.
Mas Deus não força as portas. No livro do Apocalipse encontram-se estas palavras impressionantes
e é Jesus quem fala: 'Eis que estou à porta e bato'. Portanto, não força as portas,
Deus bate. Mas se a porta permanece fechada, Deus não entra. O tempo da Quaresma é
o tempo para abrir verdadeiramente a porta ao Senhor, para acolher o Senhor. E o acolhimento
do Senhor se dá na oração, mas depois a oração se dá na caridade. Se tenho Deus dentro
de mim, queimo de amor. Como Maria, que após ter dado o seu sim na casinha de Nazaré,
logo se coloca em viagem para ir servir Isabel. O dinamismo da vida cristã é isto:
de joelhos na humildade para acolher Deus e, logo depois, de pé, para ir viver a caridade
que Deus coloca dentro de nós."
P. Cardeal Comastri, os exercícios espirituais
envolvem também o papa e a Cúria Romana. Como o senhor vive esse momento que precede
a Páscoa?
Cardeal Angelo Comastri:- "Também nós que nos consagramos
ao Senhor podemos colher pó. Também nós podemos atenuar o entusiasmo. Também nós podemos
perder dentro de nós um impulso forte no servir o Senhor. Então é preciso motivar
novamente o nosso seguimento do Senhor, purificar-nos de tantas pequenas presenças
de orgulho, de vaidade, de incoerência. Todos precisamos nos colocar novamente no
caminho rumo ao Senhor, nós por primeiro. O papa sente necessidade disso, e todos
nós também devemos sentir essa necessidade." (RL)