APRESENTADA, NO VATICANO, INSTRUÇÃO QUE ESCLARECE NORMAS PARA FASE DIOCESANA DAS CAUSAS
DE BEATIFICAÇÃO
Cidade do Vaticano, 18 fev (RV) - O prefeito da Congregação das Causas dos
Santos, Cardeal José Saraiva Martins, apresentou esta manhã, na Sala de Imprensa da
Santa Sé, a instrução Sanctorum Mater (Mãe dos Santos). O documento permite
aos bispos diocesanos e a seus colaboradores instruir a primeira fase de um processo
de beatificação (a fase local, que se dá em suas dioceses) com aquele rigor necessário,
mas nem sempre respeitado, para verificar a "fama de santidade" do candidato à honra
dos altares.
Com essa Instrução, a Congregação das Causas dos Santos pede maior
"rigor" às dioceses, em todo o mundo, nas quais está em andamento, ou se está preparando
para instituir, um processo de beatificação. O recolhimento das provas (documentos
e testemunhos) sobre a santidade de vida de um candidato, sobre seu eventual martírio,
sobre o presumível milagre atribuído à sua intercessão, deve se verificar no único
e soberano interesse da averiguação da verdade.
Após 25 anos da promulgação
das normas sobre o tema, por parte de João Paulo II, o Cardeal Saraiva Martins explicou
que se tornou necessário fornecer aos diretos interessados um "esclarecimento" sobre
as modalidades de aplicação das regras existentes, e não tanto novas regras.
Para
instruir um processo em fase diocesana, o purpurado afirmou que é necessário, em primeiro
lugar, que a fama de santidade seja "espontânea e não artificiosamente procurada":
"O bispo não pode, nem mesmo querendo, iniciar uma causa de beatificação se não há
essa 'fama sanctitatis' no seio da comunidade eclesial à qual pertence o candidato
aos altares. No fundo, é a própria comunidade de leigos que dá o primeiro passo num
processo de beatificação, porque praticamente são eles que devem dizer ao bispo: 'Essa
pessoa para nós era santa'".
O Cardeal Saraiva Martins replicou que a Instrução
Sanctorum Mater represente, na realidade, um enrijecimento nos procedimentos
de beatificação e canonização: "Tal enrijecimento não existe se por ele se entende
uma modificação das normas em vigor há mais de 25 anos (...). A Instrução busca promover
a observância exata do que é prescrito nas normas vigentes, e nesse sentido é óbvio
e desejável que o documento tenha como conseqüência uma aplicação mais cuidadosa das
disposições de lei".
Durante a coletiva de imprensa, foi reiterada a grande
"sensibilidade" de Bento XVI aos modelos de santidade e, portanto, às testemunhas
a serem propostas à atenção da Igreja. Prova disso é o fato de que, somente em três
anos de pontificado, foram beatificados e canonizados até agora 577 Servos de Deus,
ou seja, um terço de todos aqueles feitos sob o pontificado do papa Wojtyla.
Nesse
ponto, emergiu a principal novidade desejada por Bento XVI, concernente à celebração
das beatificações nas dioceses de pertença dos novos bem-aventurados. O cardeal português
constatou que isso quadruplicou-quintuplicou o número das cerimônias e, ao mesmo tempo,
também deu espaço a magníficas experiências de tipo pastoral e eclesial. (RL/BF)