2008-02-15 17:03:24

Santa Sé condena tráfico de seres humanos: "um dos fenómenos mais vergonhosos do nosso tempo


(15/2/2008) O tráfico de seres humanos é um dos fenómenos mais vergonhosos do nosso tempo, denunciou em Viena o Arcebispo Agostinho Marchetto, secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI), que se referiu às vítimas deste crime como “os escravos da época moderna”.
A intervenção deste responsável ocorreu no primeiro Fórum Global Contra o Tráfico de Pessoas das Nações Unidas, que decorre desde Quarta-feira na capital da Áustria.
A Santa Sé, disse o representante do Papa, “valoriza e apoia os esforços empreendidos em vários âmbitos para combater o tráfico de seres humanos, que é um problema multidimensional e um dos fenómenos mais vergonhosos do nosso tempo”.
Para este Arcebispo italiano, é preciso ter em consideração “o perigo real sofrido pelas numerosas pessoas que, perante a pobreza, a falta de oportunidades e de coesão social, se vêem obrigadas a deixar os seus países de origem, em busca de um futuro melhor”.
O secretário do CPPMI lembrou outros factores que contribuem para o crescimento deste crime, como os conflitos armados, a ausência de regras específicas e de estruturas sócio culturais em vários países, bem como a falta de conhecimento dos próprios direitos por parte das próprias vítimas.
Cerca de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo são vítimas anualmente de tráfico humano e de suas várias formas de exploração, trabalho forçado ou prostituição, segundo estimativas divulgadas pelas Nações Unidas neste Fórum.
Soluções para o drama
“A Santa Sé apoia todas as iniciativas justas que contribuam para suprimir este fenómeno imoral e criminoso e para promover a recuperação e o bem-estar das vítimas”, referiu D. Marchetto em Viena.
Segundo o representante da Santa Sé neste Fórum, “todos os esforços para enfrentar as actividades criminosas relacionadas com este flagelo (tráfico de seres humanos, ndr) devem centrar-se nos direitos humanos e dirigir-se também aos que protagonizam a procura da exploração sexual”.
O Arcebispo Marchetto destacou em especial, a acção da Igreja junto das mulheres, principais vítimas deste tráfico, com “ajuda material, lares de acolhimento, promoção da reinserção na sociedade” e mesmo auxílio concreto para “escapar de quem as escraviza por meio da violência sexual”.
Noutro âmbito, falou da acção da Igreja Católica em países que sofrem violentos conflitos, como a República Democrática do Congo, a Serra Leoa e a Libéria, para salvar as crianças-soldado, que acabam também por ser vendidas.
“Admitindo que não existem soluções fáceis, a Santa Sé sublinha a importância de tutelar as vítimas do tráfico de seres humanos, de estabelecer penas justas para castigar este crime e de promover medidas preventivas”, afirmou.
No que se refere à ajuda que se deve oferecer às vítimas, o Arcebispo Marchetto insistiu nos cuidados médicos e psicológicos, bem como nas permissões de residência e de emprego que facilitam a reinserção social.
Por outro lado, afirmou, quando se ajuda estas pessoas a regressarem aos seus países de origem, “é indispensável que se acompanhe esta ajuda com projectos de ajuda e microcréditos”, que se poderiam financiar confiscando “os bens dos próprios traficantes”.








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