SER HUMANO DEVE SER O PONTO CENTRAL DAS ESTRATÉGIAS PARA ERRADICAR O MODERNO TRÁFICO
DE ESCRAVOS
Viena, 14 fev (RV) - Está em andamento desde quarta-feira, em Viena, a primeira
conferência da ONU sobre o tráfico de seres humanos, um flagelo que afeta dois milhões
e meio de pessoas no mundo.
Doze mil delegados, entre eles políticos, representantes
de ONGs, especialistas e vítimas debatem, durante três dias, o fenômeno que _ segundo
estimativas das Nações Unidas _ proporciona aos traficantes, lucros no valor de mais
de 32 bilhões de dólares anuais: é a terceira atividade criminosa mais lucrativa do
mundo.
A conferência de Viena está sendo organizada pela Iniciativa Global
das NN.UU. contra o Tráfico Humano. Dados da Organização Internacional do Trabalho
(OIT) indicam que a exploração sexual ilegal atinge 44% das vítimas do tráfico humano,
enquanto 32% são traficadas para trabalho escravo e 25% para uma combinação dos dois.
Embora
as discussões dêem prioridade à prostituição, várias ONGs insistem em outros aspectos
dessa "escravidão da era moderna" que afeta quase todos os setores da economia, atinge
países ricos e em desenvolvimento, e é indicado como o "crime escondido", da globalização.
Durante a conferência de Viena, o Ministério da Justiça do Brasil irá apresentar
o Plano Nacional de Enfrentamento do Tráfico de Pessoas, aprovado em janeiro, que
estabelece políticas para enfrentar o tráfico humano no país.
Ao tomar a palavra
na conferência, em nome da Santa Sé, o secretário do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Agostino Marchetto, afirmou que a questão
do tráfico de seres humanos é um problema multidimensional.
"A pobreza _ disse
o arcebispo _ leva as pessoas a procurarem um futuro melhor, não obstante os riscos
correlacionados, tornando-as extremamente vulneráveis."
"A Santa Sé _ acrescentou
Dom Marchetto _ encoraja todo tipo de iniciativa destinado a erradicar esse fenômeno
imoral e criminoso."
Segundo o secretário do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e os Itinerantes, todos os esforços para fazer frente às atividades
criminosas e defender as vítimas deveriam colocar os direitos humanos no centro de
todas as estratégias. (PL/AF)