“Nas decisões económicas, os pobres sejam ouvidos”: a intervenção do Observador Permanente
da Santa Sé na ONU na sessão da Comissão para o Desenvolvimento Social.
(12/2/2008) A Santa Sé pede uma maior participação dos pobres nos processos de decisão
no campo económico e recorda que o valor de uma sociedade depende do trato e da atenção
que reserva aos seus membros mais frágeis. É esta a mensagem expressa no passado
dia 7 em Nova York pelo arcebispo Celestino Migliore, Observador Permanente da Santa
Sé junto das Nações Unidas, intervindo na 46ª sessão da Comissão para o Desenvolvimento
Social. A Santa Sé sublinha que as necessidades dos que têm menos recursos devem
ser prioritárias nas decisões dos líderes do sector financeiro e que «cabe ao nível
internacional prover uma plataforma para os pobres porque, com maior frequência
são deixados sem voz na busca por soluções para os problemas que também lhes importam
profundamente». A proposta do observador permanente é a de criar «um ambiente e
estruturas que possibilitem às pessoas desempenhar uma parte activa na tomada de
decisões». Se a globalização abriu as portas à prosperidade económica para muita
gente, as «suas crises continuam a afectar desproporcionadamente os membros mais
fracos da nossa sociedade». Por isso, «a resposta do governo a estes desafios deve
ser guiada pelo princípio moral de que uma boa sociedade é medida pela extensão com
que aqueles com responsabilidade atendem às necessidades dos membros mais fracos,
especialmente aqueles com maior necessidade». Políticas económicas que ajudam as
pessoas trabalhadoras de baixa renda a viver dignamente, ter vidas decentes, deveria
ser uma prioridade de qualquer boa sociedade digna do nome». Para o bom andamento
da sociedade, acrescentou o arcebispo, é prioritária a promoção do pleno empenho e
do trabalho digno para todos. O representante da Santa Sé nas Nações Unidas, sublinhou
em especial dois aspectos do mundo do trabalho : o facto de que «a falta de emprego
e trabalho digno e a pobreza associada a estes, além da desintegração social, ofendem
a dignidade humana; e em segundo lugar, que nós apenas podemos afirmar a verdade das
pessoas se as ouvirmos e tomarmos concretamente em consideração as suas necessidades. O
Arcebispo Celestino Migliore sublinhou por último que a persistência da pobreza,
o desemprego e a desagregação social são uma consequência da desconfiança e da ausência
de relações justas entre diversos componentes dos mecanismos económicos e sociais