(10/2/2008) O secretário-geral adjunto da ONU para as operações de paz, o francês
Jean-Marie Guéhenno, alertou ontem para o perigo de desestabilização regional decorrente
da escalada na guerra que travam o Chade e o Sudão através dos grupos rebeldes. Guéhenno,
que visitou a província sudanesa de Darfur (oeste) em Janeiro, confirmou perante o
Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) o “descontrolo da situação devido à
violência”. “O perigo para a desestabilização regional que representa a crise em Darfur
resulta, por um lado, do apoio de Cartum a rebeldes chadianos e, por outro lado, do
apoio de N´Djamena a rebeldes naquela província sudanesa”, explicou. Cartum e
N´Djamena acusam-se mutuamente de apoiarem os rebeldes em cada um dos lados da fronteira,
num clima de desconfiança total alimentado pelas tensões no terreno, acrescentou o
dignitário francês. De acordo com o responsável da ONU, as recentes hostilidades
em Darfur entre forças fiéis ao executivo sudanês e a facção do Movimento para a Justiça
e Igualdade (JEM), de Khalil Ibrahim, que levaram ao aumento da concentração de efectivos,
agravaram a insegurança no terreno. Khalil Ibrahim é considerado muito próximo do
presidente chadiano, Idriss Déby. Este quadro, no entender de Guéhenno, tem péssimas
repercussões sobre o destacamento da força híbrida da ONU e da União Africana (MINUAD)
em Darfur, a que faltam homens e equipamento, além de enfrentar dificuldades acrescidas
nos planos logístico e administrativo. A mais grave é a falta de veículos de transporte,
terrestre e aéreo, neste caso helicópteros com valência de ataque para dar mais mobilidade
e eficácia ao destacamento da força híbrida da ONU e da União Africana.