«Mulher e homem, o humanum na sua inteireza» - tema do Congresso promovido pelo Conselho
para os Leigos, em Roma, de 7 a 9 de Fevereiro, nos 20 anos da Carta Apostólica "Mulieris
dignitatem"
Na continuidade do Concílio Vaticano II, que encoraja a uma participação mais vasta
da mulher não só no âmbito cultural e social mas também eclesial, e da constituição
da «Comissão de estudo sobre a mulher na sociedade e na Igreja» por Paulo VI em 1973,
João Paulo II publicou em 1988, no seguimento do Sínodo dos Bispos sobre a participação
dos leigos na vida da Igreja, a Mulieris dignitatem. Foi o primeiro documento
pontifício inteiramente dedicado à mulher. João Paulo II faz uma análise antropológica
à luz da Revelação para evidenciar verdades fundamentais tais como a igual dignidade
do homem e da mulher criados à imagem de Deus, a unidade dos dois e o chamamento à
comunhão, a importância da complementaridade e reciprocidade entre homem e mulher,
a figura de Maria como modelo da mulher e realização do ser humano chamado à santidade.
Passados vinte anos sobre a publicação da Mulieris dignitatem, é importante
verificar que os conteúdos e a linguagem do magistério de João Paulo II foram recepcionados
e geraram perspectivas novas de valorização da mulher, a par com uma consciência da
importância da reciprocidade entre homem e mulher. A «Carta sobre a colaboração do
homem e da mulher na Igreja e no mundo», da Congregação para a Doutrina da Fé publicada
em 2004, bem como a Audiência geral de Bento XVI de 14 de Fevereiro de 2007 dedicada
às mulheres e à sua responsabilidade eclesial desde as primeiras comunidades cristãs
até hoje, são disso dois exemplos.
No vigésimo aniversário da Mulieris dignitatem,
o Conselho Pontifício para os Leigos retoma este caminho de aprofundamento da relação
homem-mulher e da participação da mulher na missão da Igreja organizando um Congresso,
com a participação de cerca de 250 pessoas provenientes dos cinco continentes. Tem
por objectivos: fazer um balanço sobre o caminho percorrido nos últimos vinte anos
no âmbito da promoção da mulher e do reconhecimento da sua dignidade; desenvolver
uma reflexão, à luz da Revelação, sobre os novos paradigmas culturais e as dificuldades
com que as mulheres católicas se defrontam para viverem a própria identidade e colaborarem
em reciprocidade com os homens na edificação da Igreja e da sociedade; apelar à beleza
da vocação à santidade, encorajando as mulheres a responderem com uma consciência
crescente e, porque protagonistas da missão da Igreja, a porem ao serviço do apostolado,
da família, do mundo do trabalho e da cultura todas as riquezas do «génio» feminino.