2008-02-07 11:13:12

A verdadeira oração nunca é egocêntrica, a oração é o motor do mundo: Bento XVI, na Missa de Quarta-feira de Cinzas


Celebrando na basílica de Santa Sabina, Bento XVI sublinhou a importância da oração, advertindo que é a ausência de Deus que “aliena” o homem.
“Não é a presença de Deus que aliena o homem, mas a sua ausência: sem o verdadeiro Deus, Pai do Senhor Jesus Cristo, as esperanças tornam-se ilusões que induzem à evasão da realidade”, disse o Papa, na linha do que tinha já afirmado na sua última encíclica, “Spe Salvi”.
“A verdadeira oração nunca é egocêntrica, mas sempre centrada sobre o outro. Como tal, ela exercita o orante ao ‘êxtase’ da caridade, à capacidade de sair de si próprio para tornar-se próximo do outro, no serviço humilde e desinteressado.
A verdadeira oração é o motor do mundo, porque o mantém aberto a Deus. De facto, não é a presença de Deus a alienar o homem, mas a sua ausência: sem o verdadeiro Deus, Pai do Senhor Jesus Cristo, as esperanças tornam-se ilusões que levam a fugir da realidade.
Falar com Deus, permanecer na sua presença, deixar-se iluminar e purificar pela sua Palavra, introduz-nos no coração da realidade…, introduz-nos, por assim dizer, no coração pulsante do universo.”
“Em harmónica ligação com a oração – observou ainda o Papa – também o jejum e a esmola podem ser considerados lugares de aprendizagem e exercício da esperança cristã”. “Graças à acção conjunta da oração, do jejum e da esmola, a Quaresma, no seu conjunto, forma os cristãos a serem homens e mulheres de esperança”.
Quase a concluir a sua homilia, na Eucaristia de quarta-feira de Cinzas, o Papa deteve-se a considerar o sofrimento, recordando, como na sua Encíclica sobre a esperança, que “a medida da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com a pessoa que sofre”.
“A Páscoa - para a qual tende a Quaresma – é o mistério que dá sentido ao sofrimento humano, a partir da sobreabundância da com-paixão de Deus, realizada em Jesus Cristo. O caminho quaresmal, estando completamente inundado da luz pascal, faz-nos reviver o que acontece no coração divino-humano de Cristo quando subia a Jerusalém pela última vez, para se oferecer a si mesmo em expiação…
O sofrimento de Cristo está todo permeado da luz do amor: o amor do Pai que permite ao Filho ir confiadamente ao encontro do seu último ‘baptismo’ (como ele próprio define o culminar da sua missão…
Deus não pode padecer, mas pode e quer com-padecer. Da paixão de Cristo pode entrar em cada sofrimento humano a con-solatio – a consolação do amor participe de Deus e surge assim a estrela da esperança”.










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