2008-02-05 13:57:57

MÉDICOS ITALIANOS PROPÕEM REANIMAR FETOS DE ABORTOS, POIS "TÊM DIREITO DE SOBREVIVER"


Cidade do Vaticano, 05 fev (RV) - Um grupo de ginecologistas italianos propôs, no último fim de semana, que os fetos nascidos de forma natural ou não, recebam toda a assistência médica necessária para sobreviver, mesmo que sejam fruto de um aborto e independentemente da vontade de sua mãe.

A proposta está gerando grande polêmica na Itália, onde a discussão sobre o aborto já havia sido retomada, por um pedido de ab-rogação da lei sobre o aborto, apoiado pela Igreja Católica. A moção prevê que a reanimação seja aplicada também nos casos de aborto provocado, nos quais a mãe deseja interromper a gravidez.

No documento, assinado por diretores das clínicas ginecológicas das principais Universidades de Roma, os médicos sugerem que ainda que prematuro, o feto deve ser considerado um bebê nascido e, no momento do nascimento, a lei lhe atribui a plenitude do direito à vida e da assistência à saúde, porque o que prevalece é o interesse da criança.

Alguns médicos, entretanto, não concordam com a iniciativa. "O limite mínimo para a qualidade da vida humana tem como referência 24 semanas de gestação" _ afirma o Dr. Gianpaolo Donzelli, diretor do departamento de Medicina Neonatal do Hospital Meyer, de Florença, em declaração ao jornal "La Repubblica". "Antes disso, é quase impossível que haja uma resposta positiva do paciente" _ acrescenta.

A ministra da Saúde italiana, Livia Turco, também criticou a proposta: "Praticar a reanimação contra a vontade da mãe é uma crueldade insensata" _ disse Lívia Turco aos jornais italianos.
Segundo os especialistas, a cada ano, na Itália, nascem cerca de mil crianças prematuras, ou seja, com menos de 26 semanas de gestação. Há chances de um feto sobreviver, se nascer a partir da 22ª semana de gestão, mas o risco de que desenvolva doenças e sofra danos cerebrais é muito alto. Eles consideram que entre a 22ª e a 23ª semana, os órgãos vitais já estão formados, mas não estão bem desenvolvidos, e o feto ainda não pode respirar sozinho.

Entre a 26ª e a 27ª semana, o sistema cardiocirculatório já se desenvolveu, mas o respiratório ainda não, e só entre a 29ª e a 30ª semana o sistema cerebral pode ser considerado desenvolvido. Mas ainda assim, a prematuridade é considerada grave.

A declaração dos médicos se insere no quadro das iniciativas recentes, lançadas ou apoiadas pela Igreja Católica, com o objetivo de rever a lei italiana que autoriza o aborto.

Na Itália, a lei nº 194, aprovada em 1978, garante que as mães possam abortar durante qualquer fase da gravidez, mas geralmente os casos de aborto provocado não ultrapassam a 24ª semana. (CM/AF)







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