2008-02-04 20:00:34

SECULARIZAÇÃO MINA VALORES CRISTÃOS NA COSTA RICA: DESAFIO DOS BISPOS DO PAÍS EM VISITA "AD LIMINA"


Cidade do Vaticano, 04 fev (RV) - Um país que conheceu o Evangelho há 450 anos _ foi um franciscano o primeiro anunciador _ mas que hoje está perdendo a memória de seus antigos valores cristãos, pressionado pela secularização. Trata-se da Costa Rica, pequeno Estado centro-americano localizado entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

A partir de hoje, os bispos costa-riquenhos estão em visita "ad Limina". Bento XVI recebeu em audiência, na manhã desta segunda-feira, no Vaticano, um primeiro grupo.

Com mais de 80% de seus quatro milhões de habitantes de fé católica, a Costa Rica está enfrentando _ como muitas outras nações latino-americanas _ a longa onda do relativismo religioso, que mina os fundamentos da dignidade humana em sentido cristão, a partir do respeito pela vida. É o que confirma o presidente da Conferência Episcopal local, Dom Francisco Ulloa Rojas, bispo de Cartago, entrevistado pela Rádio Vaticano:

Dom Francisco Ulloa Rojas:- "A primeira preocupação para nós, bispos, é o avanço do secularismo na Costa Rica: notamos uma sociedade sempre mais indiferente ao fato religioso, e a coisa mais preocupante para nós é que essa indiferença é difusa, sobretudo, entre os jovens. Outro aspecto que nos preocupa é a família: a família sempre foi um fator determinante de unidade e integração na Costa Rica, mas nos últimos anos, tem-se desagregado, e parece não ser mais aquele âmbito de transmissão dos valores da fé que tem sido até hoje. Isso apresenta o problema de como dar uma educação cristã às crianças, tarefa primeiro confiada à família. Além disso, outra preocupação fundamental para nós é como evangelizar esses areópagos aos quais parece não chegar a mensagem cristã: os ambientes intelectuais, as universidades, os meios de comunicação social, os comunicadores e os artistas, ambientes nos quais se está perdendo hoje o sentido cristão."

P. Em sua última plenária os bispos falaram da desagregação da família e expressaram preocupação por algumas orientações políticas contrárias à vida. Nesse âmbito, em que direção estão se movendo as opções políticas na Costa Rica?

Dom Francisco Ulloa Rojas:- "Efetivamente, seguimos com atenção algumas propostas de lei apresentadas à Assembléia Legislativa, que são contrárias à vida, como as que se referem à pílula do dia seguinte ou ao próprio aborto. Registram-se esforços para mudar o artigo 21 da Constituição, que defende a vida desde a sua concepção até a morte natural. Nós, como bispos, estamos unidos contra esses ataques e esperamos que a Assembléia siga os princípios éticos da Igreja."

P. O senhor acredita que _ de certo modo _ a educação católica esteja ameaçada na Costa Rica?

Dom Francisco Ulloa Rojas:- "Na Costa Rica há fortes impulsos à secularização que querem marginalizar a dimensão religiosa, confinando-a à esfera privada, e que atuam para que se elimine o artigo da Constituição que atribui à Igreja o direito de ensinar a educação católica nas escolas. Outras comunidades religiosas estão reivindicando o mesmo direito. O governo continua mantendo o ensino obrigatório da religião católica, porque é previsto pela Constituição. De fato, há o perigo e o risco de que prevaleçam aquelas correntes que gostariam de aboli-la em todos os institutos educativos, mas nós estamos lutando para defender esse direito."

P. À luz da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe _ de 13 a 31 de maio do ano passado, em Aparecida _ e do mandato da "Missão Continental", quais são os planos pastorais do Episcopado?

Dom Francisco Ulloa Rojas:- "Estamos estudando como realizá-la (a missão continental) em cada diocese e em nível nacional é a nossa maior preocupação _ e cremos que seja esse o sentido de tal missão _ é como alcançar os que se encontram distantes da Igreja. Trata-se de uma missão permanente, que deve envolver os leigos: temos muitos leigos engajados e formados para isso." (RL/AF)







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