EM ORIENTAÇÃO AO VOTO, BISPOS ESPANHÓIS CRITICAM GOVERNO E PRIMEIRO-MINISTRO
Madri, 1º fev (RV) - Em nota de orientação moral dirigida aos cidadãos, intitulada
"Diante das eleições gerais de 2008", a Conferência Episcopal Espanhola se posicionou
nesta quinta-feira, em Madri, contra o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE)
e o primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero. As eleições estão marcadas para
o dia 9 de março próximo.
Sem jamais citar nomes, a hierarquia católica critica
os responsáveis pela legalização do casamento entre homossexuais e as negociações
diretas com a organização Pátria Basca e Liberdade (ETA), grupo independentista conhecido
por seus atentados terroristas. Segundo os bispos, a organização é indigna de uma
sociedade livre e justa. Com data de quarta-feira, dia 30 de janeiro, e estruturada
em dez pontos, a nota episcopal acusa o governo de ter negociado com "a organização
terrorista" ETA.
O jesuíta, Pe. Juan Antonio Martínez Camino, bispo auxiliar
de Madri há apenas 15 dias, e porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola, que apresentou
a nota dos bispos, em coletiva de imprensa, disse que a Igreja Católica tem direito
a dizer que "existem, na Espanha, leis gravemente injustas".
Com o intuito
de orientar o voto, o documento dos bispos tece outras considerações, por exemplo,
sobre o casamento homossexual, o aborto e a eutanásia, e condena a "Educação à cidadania",
matéria obrigatória nas escolas espanholas.
O Partido Socialista reagiu energicamente,
através de um comunicado, à nota dos bispos: "O que é imoral é que os bispos, assim
como o Partido Popular (de direita, na oposição), usem o tema do terrorismo para fazer
campanha eleitoral."
Zapatero, chefe do governo e líder do partido, está no
poder desde 2004 e pleiteia a reeleição. Quatro anos atrás, ele derrotou o ex-premier
José María Aznar, do PP. (CM/AF)