LEGISLAÇÃO DA IGREJA DEVE SER ATUALIZADA E COERENTE
Cidade do Vaticano, 25 jan (RV) – Em audiência com o papa, na manhã desta sexta-feira,
os membros do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, no 25º aniversário
da promulgação do Código de Direito Canônico, para cuja redação contribuiu o então
arcebispo de Munique-Freising, Dom Joseph Ratzinger. "O Pontifício Conselho para os
Textos Legislativos _ disse o Santo Padre _ deve velar para que seja completa e atualizada
a legislação da Igreja, e assegurar sua coerência."
Bento XVI lembrou a estreita
ligação existente entre a lei canônica e a vida da Igreja, segundo a vontade de Jesus.
E frisou que não se trata só de "um conjunto de normas elaboradas para este povo especial,
que é a Igreja de Cristo". O conjunto de realidades jurídicas, indicado pelo código
_ observou o papa _ compõe um mosaico admirável no qual estão afiguradas "as faces
de todos os fiéis, leigos e pastores, e de todas as comunidades, da Igreja universal
às Igrejas particulares".
E a essência do Direito é a pessoa humana _ disse
o papa, retomando as palavras do bem-aventurado Antonio Rosmini. A essência do Direito
Canônico _ acrescentou _ é a pessoa do cristão na Igreja. Este complexo legislativo
_ afirmou Bento XVI _ deve ser formulado "de modo claro, sempre em sintonia com as
demais leis da Igreja".
"É necessário, portanto, ab-rogar as normas que são
ultrapassadas; modificar as que precisam ser corrigidas; interpretar, à luz do magistério
vivo da Igreja, as que são duvidosas e, por fim, preencher as eventuais lacunae
legis. Tenham-se presentes e apliquem-se, como disse João Paulo II à Rota Romana,
as numerosas manifestações daquela flexibilidade que, precisamente por razões pastorais,
sempre caracterizou o Direito Canônico."
O Código de Direito Canônico _ observou
ainda, o papa _ contém também, as normas elaboradas pelo legislador eclesial, para
o bem da pessoa e das comunidades em todo o corpo místico, que é a santa Igreja.
Como
disse João Paulo II, ao promulgar o Código de Direito Canônico, em 25 de janeiro de
1983, a Igreja _ explicou Bento XVI _ "é constituída como uma estrutura social e visível;
como tal, precisa de normas. Quer para que sua estrutura hierárquica e orgânica seja
visível, quer para que o exercício das funções que lhe foram divinamente confiadas,
especialmente a da sacra potestade e a da administração dos Sacramentos, possa ser
adequadamente organizado; quer para que as relações mútuas dos fiéis possam ser regulamentadas
segundo a justiça, baseada na caridade, garantidos e bem definidos os direitos das
pessoas; quer, finalmente, para que as iniciativas comuns, empreendidas para uma vida
cristã cada vez mais perfeita, através das leis canônicas, sejam apoiadas, reforçadas
e promovidas".
A lei da Igreja _ acrescentou o Santo Padre _ é, antes de tudo,
lex libertatis: "lei que nos torna livres para aderir a Jesus".
Por
isto _ sublinhou _ é necessário saber apresentar ao Povo de Deus, às novas gerações
e aos que são chamados a fazer respeitar a lei canônica, a ligação concreta que ela
tem com a vida da Igreja, em tutela dos delicados interesses das coisas de Deus, e
em proteção dos direitos dos mais fracos, daqueles que não têm outra força para se
fazerem valer, mas também em defesa daqueles delicados "bens" que cada fiel recebeu
gratuitamente _ o dom da fé, da graça de Deus, em primeiro lugar _ que na Igreja não
podem ficar sem a adequada proteção do Direito.
Por ocasião do 25º aniversário
da promulgação do Código de Direito Canônico, o Pontifício Conselho para os Textos
Legislativos promoveu um simpósio de estudo que se concluiu hoje, e que teve como
título: "A lei canônica na vida da Igreja. Pesquisas e perspectivas à luz do recente
magistério pontifício".
Esse organismo vaticano ajuda o papa na sua missão
de principal promotor, garante e intérprete do Direito da Igreja.
Sobre a importância
do Código de Direito Canônico, no âmbito do ecumenismo, eis o que nos disse Mons.
José Aparecido Gonçalves de Almeida, do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos.
(PL/AF)