Igreja Católica e Patriarcado Ortodoxo de Moscovo continuam diálogo difícil
(24/1/2008) O diálogo entre o Vaticano e o Patriarcado Ortodoxo de Moscovo registou,
ao longo de 2007, uma melhoria significativa, apesar das dificuldades que ainda persistem
entre as duas partes. Em plena semana de oração pela unidade dos cristãos, foi
este o balanço deixado pelo jesuíta esloveno Milan Zust, do Conselho Pontifício para
a promoção da unidade dos cristãos (CPPUC), em artigo publico no jornal do Vaticano,
L’Osservatore Romano. Este responsável desvaloriza incidentes que foram interpretados
como “novas crises”, em especial os sucessivos desmentidos russos em relação a um
possível encontro entre Bento XVI e o Patriarca Alexis II. “Num juízo global,
avaliando prós e contras, pode afirmar-se que nas relações com o Patriarcado de Moscovo
se estão a dar passos importantes rumo a uma maior comunhão”, assegura. Milan
Zust admite que as constantes notícias sobre um eventual encontro entre o Papa e o
Patriarca Ortodoxo de Moscovo “criaram um sentimento de mal-estar numa e noutra parte”,
apontando o dedo à comunicação social por criar estes episódios. O membro do CPPUC
refere-se ainda ao chamado “incidente de Ravenna”, quando a delegação russa abandonou
os trabalhos da comissão mista para o diálogo teológico católico-ortodoxo. Apesar
de se ter tratado de um problema interno das Igrejas Ortodoxas, o Vaticano compromete-se
a “encorajar as duas partes a encontrar um acordo, para que o diálogo teológico possa
prosseguir o seu indispensável caminho”. Entre os eventos positivos, este responsável
contabilizar a visita de Alexis II à França, em Outubro passado, a viagem a Roma do
Metropolita Kyrill, número 2 de Moscovo, e os vários encontros bilaterais, “sobretudo
no campo da promoção comum dos valores cristãos na Europa e da investigação teológica”.
A convergência sobre estes temas, adianta Milan Zust, “constitui a base propícia
para enfrentar questões concretas nem sempre fáceis”. Embora não se refira a essas
questões, o membro do CPPMI terá em mente, entre outras, as sucessivas acusações de
proselitismo que Moscovo lança à Igreja Católica, por causa da sua acção na Rússia
e nas antigas Repúblicas soviéticas. Os responsáveis do Vaticano, contudo, asseguram
que as relações bilaterais entraram já numa fase de "degelo", e desanuviamento.