2008-01-23 19:32:47

BENTO XVI: CRISTÃOS TESTEMUNHEM SUA UNIDADE NA ORAÇÃO, NUM MUNDO QUE "SOFRE PELA AUSÊNCIA DE DEUS"


Cidade do Vaticano, 23 jan (RV) - "Uma imploração conjunta, feita a um só coração e a uma só alma": esse é o sentido espiritual da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que está se realizando na Europa, de 18 a 25 de janeiro, à qual Bento XVI dedicou, esta manhã, a catequese da Audiência Geral, realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano.

O Santo Padre evidenciou as etapas desse evento que, este ano, celebra 100 anos de vida, e fez votos de que os cristãos saibam dar um testemunho de unidade, para tornar "acessível" a face de Deus ao mundo que "sofre" por Sua ausência.

"Pedindo a graça da unidade, os cristãos devem se unir à mesma oração de Cristo, e se comprometam a atuar ativamente, a fim de que toda a comunidade O acolha e O reconheça como único Pastor e Senhor, e possa, assim, experimentar a alegria de Seu amor" _ disse o papa.

No início de sua catequese, Bento XVI explicou o valor do que chama de "concorde imploração feita a uma só alma e a um só coração", reflexo da invocação que dois mil anos atrás, Jesus elevou por primeiro, com o seu. "ut unun sint", "para que todos sejam um".

Esse valor, no início de 2008, apresenta _ explicou o pontífice _ um leque de significados ainda mais amplo, porque exatamente um século atrás _ depois séculos de hostilidade _ os cristãos das várias confissões redescobriram, para além das divisões, a força unificadora da oração em comum.

Bento XVI fez uma retrospectiva da história da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, a partir da intuição definitiva "verdadeiramente fecunda", do pastor anglicano, Rev. Paul Wattson, que, em 1908, lançou a iniciativa de um Oitavário de Oração, que se tornou, 20 anos depois, graças à contribuição decisiva do Abbé Couturier de Lyon, a atual Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

E quando 40 anos atrás, também os padres conciliares do Vaticano II, perceberam "a urgência da unidade" entre os cristãos, a Semana de Oração _ reconheceu o pontífice _ tornou-se "um dos momentos mais qualificadores e profícuos" do caminho ecumênico.

Após os acenos históricos, Bento XVI se deteve sobre o fulcro espiritual do ecumenismo, ou seja, sobre aquilo que "o vivificou", isto é, a oração, que converte o coração e impele à "santidade de vida": "Orai continuamente!". Essa palavra de São Paulo é o tema da semana deste ano; é, ao mesmo tempo, o convite que jamais cessa de ecoar em nossas comunidades, para que a oração seja a luz, a força e a orientação dos nossos passos, em atitude de humilde e dócil escuta do nosso comum Senhor."

Um passo além da oração é a "oração comum", sobre cuja importância se detém o decreto conciliar sobre o ecumenismo _ Unitatis Redintegratio. Nesse tipo de oração, defende Bento XVI, a fé indivisa em Cristo brilha mais que as divisões confessionais: "Na oração comum, as comunidades cristãs se colocam juntas, diante do Senhor e, tomando consciência das contradições geradas pela divisão, manifestam a vontade de obedecer à Sua vontade, recorrendo confiantes a Seu socorro onipotente (...) A oração comum não é, portanto, um ato de voluntarismo ou puramente sociológico, mas é expressão da fé que une todos os discípulos de Cristo."

"O mundo sofre pela ausência de Deus, pela inacessibilidade de Deus, e deseja conhecer a face de Deus. Mas como poderiam e podem os homens de hoje conhecer essa face de Deus na face de Jesus Cristo, se nós, cristãos, estamos divididos, se um ensina contra o outro, se um está contra o outro? Somente na unidade, podemos mostrar realmente a esse mundo _ que precisa da face de Deus, da face de Cristo, que é a face de Deus _ podemos mostrar ao mundo essa face."

Ao término da catequese e das saudações em várias línguas, Bento XVI concluiu a Audiência Geral, recordando a figura de São Francisco de Sales _ padroeiro da imprensa católica _ cuja memória litúrgica se celebra amanhã, quinta-feira, 24 de janeiro. "Bispo de Genebra, num período de graves conflitos _ ressaltou o papa _ ele foi homem de paz e de comunhão. Mestre de vida espiritual, ele ensinou que a perfeição cristã é acessível a toda pessoa."

O Santo Padre despediu-se dos presentes concedendo a todos a sua bênção apostólica. (RL/AF)







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