Uma multidão exprimiu solidariedade ao Papa, domingo ao meio-dia. Bento XVI exortou
à busca e ao testemunho da verdade, no respeito das posições alheias. E exortou à
oração pela unidade dos cristãos.
( 20/1/2008) Neste domingo ao meio-dia, numa praça de São Pedro que não conseguiu
conter a multidão que ali afluiu, Bento XVI evocou a situação que o impediu de se
deslocar à Universidade La Sapienza de Roma e recordou as razões que profundamente
o ligam ao mundo universitário: “o amor pela busca da verdade, pelo confronto, pelo
diálogo franco e respeitoso das posições recíprocas”. A catequese introdutória
à oração das Ave-marias, dedicou-a o Papa à Semana de Oração pela unidade dos cristãos: “Temos
todos o dever de rezar e agir para superar todas as divisões entre os cristãos, correspondendo
ao desejo de Cristo “Ut unum sint”. A oração, a conversão do coração, o reforço dos
vínculos de comunhão formam a essência deste movimento espiritual que fazemos votos
que possa conduzir em breve os discípulos de Cristo à celebração comum da Eucaristia,
manifestação da sua plena unidade”. Citando o tema bíblico proposto este ano para
esta Semana ecuménica – “Rezai continuamente” – Bento XVI recordou o contexto desta
exortação do Apóstolo Paulo, que se dirigia à comunidade de Tessalónica que vivia
no seu seio contrastes e conflitos. Convidando à oração incessante os cristãos tessalonicenses
– observou o Papa – Paulo quer fazer compreender que é da vida nova em Cristo e no
Espírito Santo que provém a capacidade de superar o egoísmo, vivendo em paz e em união
fraterna e levando cada um, de bom grado, os pesos e sofrimentos dos outros. “Nunca
nos devemos cansar de rezar pela unidade dos cristãos! Quando Jesus, na última Ceia,
rezou para que os seus ‘sejam uma só coisa’, tinha em mente uma finalidade precisa:
‘para que o mundo creia’. A missão evangelizadora da Igreja passa portanto pelo caminho
ecuménico, o caminho da unidade de fé, do testemunho evangélico e da autêntica fraternidade”.
Recordando
que ele próprio se deslocará, sexta-feira próxima, 25 de Janeiro, à basílica romana
de São Paulo fora de muros para presidir às Vésperas solenes, Bento XVI, convidando
os fiéis e unirem-se-lhe nesse momento de oração, concluiu pedindo que se invoque
Maria, “a santa Mãe de Deus”, para que “obtenha do Senhor para todos os seus discípulos
a abundância do Espírito Santo, de tal modo que possamos alcançar a perfeita unidade,
oferecendo assim o testemunho de fé e de vida de que o mundo tem urgente necessidade”. Foi
depois da recitação do Angelus que Bento XVI, dirigindo-se à imensa multidão que se
tinha congregado na Praça de São Pedro e imediações, referiu expressamente o convite
que lhe tinha sido dirigido para intervir, quinta-feira passada, na inauguração do
ano académico da “Sapienza – Universidade de Roma”. Assegurando a estima pessoal que
o liga aos universitários romanos, o Papa exprimiu o seu pesar por ter sido levado
a cancelar aquela visita, devido ao clima que se tinha criado. "Ao ambiente universitário,
que por longos anos foi o meu mundo, me liga o amor pela busca da verdade, pelo confronto,
pelo diálogo franco e respeitador das posições recíprocas. Tudo isto é também missão
da Igreja, empenhada em seguir fielmente Jesus, Mestre de vida, de verdade e de amor."
Considerando-se, de certo modo, um “professor emérito”, que tantos estudantes
encontrou na sua vida, o Papa Ratzinger encorajou todos os universitários a “respeitarem
sempre as opiniões dos outros e a procurar, com espírito livre e responsável, a verdade
e o bem”.