2008-01-16 17:24:50


Arcebispo da Beira alerta para o perigo de um surto de cólera, reitera pedido de ajuda internacional e fala em recuperação difícil em Moçambique, devido ás cheias no centro do país
 


(16/1/2008) D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, em Moçambique, reiterou à Agência portuguesa ECCLESIA a necessidade de ajuda internacional no auxílio às populações moçambicanas.
O país é agora atingido pela cólera, factor que vem agravar ainda mais as condições de saúde. Sete pessoas morreram devido às cheias no centro de Moçambique, incluindo três que foram atacadas por crocodilos.
“As autoridades dizem que não precisam de ajuda internacional”, aponta o Arcebispo da Beira, que relembra as experiências de outras cheias são a mostra que “precisamos de ajuda, especialmente no caso da água potável”. D. Jaime Gonçalves acrescenta ainda que é difícil ter um sistema de água potável para todas as pessoas, na situação de eclodir um surto de cólera.
“Vamos precisar da ajuda, com certeza”. D. Jaime Gonçalves considera a ajuda inevitável, porque a recuperação vai ainda demorar, e até Março, “as pessoas vão andar por aí, no meio de uma situação difícil”.
A prioridade agora é recolher as populações, para que não haja mais mortes e danos. Com barcos e outros meios de transporte fluviais, as autoridades vão recolhendo as pessoas e “dizem ter esses meios, e estão a utilizá-los para salvar as populações”.
Sobre o apoio alimentar “as autoridades dizem que neste momento não há necessidade de pedir apoio internacional”. Mas, D. Jaime regista também que “como não acomodaram todas as pessoas, não calcularam ainda o que precisam”.
O Arcebispo da Beira garante que “não é fácil garantir água potável a todas as pessoas”. E por isso prevê que “vai haver problemas”.
Depois de acomodadas, as pessoas precisam de muitas ajudas. Água potável, tratamento médico, assistência às crianças, não só a nível de escola, mas também de vestuário, são necessidades relembradas pelo Arcebispo da Beira.
As informações que chegam à diocese são através da imprensa, que indicam estas cheias como as mais dramáticas dos últimos anos.
A situação continua a agravar-se. As águas do Rio Zambeze continuam a subir, local onde nas margens vivem muitas pessoas. As áreas atingidas pelas águas estão a aumentar. “Os outros rios da zona centro, o Buze e o Púnguè tendem a começar a baixar com águas, mas o rio Save, ainda aumentou o caudal”, explica o Arcebispo da Beira.
A situação de cheias ainda se mantém e depende das chuvas nos países onde estes rios nascem, em especial no Zimbabué, onde chove muito, provocando as cheias em Moçambique.
“As populações estão muito atingidas e estão a fazer-se esforços para que as pessoas deixem as suas casas inundadas”, afirma D. Jaime Gonçalves, que explica qiue posteriormente, “há que procurar um lugar de acomodação, para que no futuro as pessoas se possam fixar”.
A Igreja segue atentamente o que se passa em cada diocese. A Caritas, presente em cada diocese e com uma visão nacional, “vai seguindo todos os casos”, para depois lançar um apelo às organizações da Igreja para ajudarem, explica o Arcebispo.
“As nossas missões foram transformadas em centros de acolhimento”, assegura.
D. Jaime recorda que no ano passado acolheram oito mil pessoas, nas instalações e no terreno da missão. “Felizmente depois voltaram às suas terras”, aponta.
A Igreja mantém-se disponível para ajudar no imediato e nas áreas que lhe são próximas.
O director do Instituto Nacional para a Gestão das Calamidades (INGC) moçambicano, Paulo Sukula, em entrevista à Renascença, afirmou ser ainda cedo para pedir ajuda internacional, porque "quando se pede ajuda internacional é quando há uma catástrofe grande que já não podemos controlar, o que não é o caso".
Dados preliminares ontem divulgados pelo INGC sobre os prejuízos causados pelas cheias indicam que 32 mil hectares de culturas diversas ficaram destruídos, enquanto 22 mil casas e um número não especificado de escolas foram seriamente afectados. As autoridades moçambicanas activaram 37 centros para desalojados em quatro províncias, onde estão temporariamente alojadas cerca de 11 641 famílias, número que tende a subir.
 







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