2008-01-13 13:06:23

Os cristãos vivam com coerência o seu baptismo : Bento XVI na solenidade do Baptismo do Senhor. Na Capela Sistina o Papa procedeu ao Baptismo de treze crianças


(13/1/2008) “Baptismo significa imersão. O Filho de Deus, que desde toda a eternidade partilha com o Pai e com o Espírito Santo a plenitude da vida, foi imerso na nossa realidade de pecadores, para nos tornar participantes da sua própria vida”: palavras de Bento XVI, na homilia deste domingo, solenidade do Baptismo do Senhor, na Missa celebrada na Capela Sistina, em que procedeu ao baptismo de treze crianças, todas filhos de empregados do Vaticano.
O Papa actual segue assim um costume introduzido pelo seu predecessor, e que desde o restauro da Capela Sistina tem lugar neste esplêndido ambiente decorado por Miguel Ângelo e por outros grandes artistas do Renascimento. Pela primeira vez, não foi este ano utilizado o altar que costumada ser instalado nesta circunstância, permitindo a celebração eucarística segundo o uso pós-conciliar, isto é, com o celebrante voltado para a assembleia, preferindo-se o altar encostado à parede de fundo da capela, isso – segundo refere um comunicado do mestre de cerimónias – “para não alterar a beleza e a harmonia desta jóia arquitectónica”. O Papa encontrou-se assim, “em alguns momentos, de costas para os fiéis, com o olhar voltado para a Cruz, orientando assim a atitude e disposição de toda a assembleia”…

Na homilia, o Papa, partindo da experiência da vida, contraposta à da morte, que é comum a todos nós, sublinhou que “no Baptismo, o pequeno ser humano recebe uma vida nova, a vida da graça, que o torna capaz de entrar em relação pessoal com o Criador, e isto para sempre, por toda a eternidade”. Evocando que o homem é capaz de extinguir esta vida nova, com o pecado, “o qual cria uma voragem que corre o risco de nos engolir para sempre, se o Pai que está nos céus não nos estendesse a sua mão”, Bento XVI explicou o que chamou “o mistério do baptismo”:

Deus quis salvar-nos indo ele próprio até ao fundo do abismo da morte, para que cada homem, mesmo quem caiu tão baixo que já nem consegue ver o céu, possa encontrar a mão de Deus para a ela se agarrar e remontar das trevas para voltar a ver a luz para a qual foi criado.

“Todos sentimos (observou o Papa), todos advertimos interiormente que a nossa existência é um desejo de vida que invoca uma plenitude, uma salvação. É esta plenitude de vida que nos é dada no Baptismo.”

Jesus foi revelado como Aquele que veio baptizar a humanidade no Espírito Santo: veio trazer aos homens a vida em abundância, a vida eterna, que ressuscita o ser humano e o cura inteiramente, corpo e espírito, restituindo-o ao projecto originário para o qual foi criado. O fim da existência de Cristo foi, precisamente, o de dar à humanidade a vida de Deus, o seu Espírito de amor, para que cada homem possa beber deste manancial inexaurível de salvação.

O Papa sublinhou de modo muito especial a responsabilidade dos pais (apoiados pelos padrinhos) no que diz respeito à formação espiritual e cristã das crianças agora baptizadas, sendo para elas “as primeiras testemunhas de uma autêntica fé em Deus!”

Ao meio-dia, da janela dos seus aposentos sobre a Praça de São Pedro, na costumada alocução antes do Angelus dominical, o Papa comentou de novo, em termos de verdadeira catequese, o Evangelho do baptismo de Jesus, sublinhando que neste acontecimento teve lugar ao mesmo tempo, uma manifestação de Cristo (cristofania) e uma manifestação de Deus (teofania):
Tratou-se contemporaneamente de cristofania e teofania: antes de mais Jesus manifestou-se como o Cristo, termo grego que significa ungido. Ele não foi ungido com óleo à maneira dos reis e dos sumos-sacerdotes de Israel, mas sim com o Espírito Santo. Ao mesmo tempo, juntamente com o Filho de Deus apareceram os sinais do Espírito Santo e do Pai celeste.

Sublinhando o sentido salvífico que assume o facto de Jesus se ter feito baptizar num rito penitencial em que se associava aos pecadores, o Papa explicou que, deste modo, “Jesus começou a tomar sobre si o peso da culpa de toda a humanidade, como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Toda a missão de Cristo se resume nisto: baptizar-nos no Espírito Santo, para nos libertar da escravidão da morte e abrir-nos o céu, isto é, o acesso à vida autêntica e plena, que será sempre um novo mergulhar na vastidão do ser, ao mesmo tempo que somos pura e simplesmente inundados de alegria.









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