Nairóbi, 08 jan (RV) - Neste momento, 60 mil pessoas afetadas pelos confrontos
políticos e étnicos que atingiram o Quênia após as eleições presidenciais já estão
recebendo ajuda da parte da Cáritas e das instituições católicas de ajuda no país
africano. A Cáritas oferece comida, alojamento, água, assistência à saúde aos desabrigados
de suas próprias casas e que agora buscam refúgio em igrejas, estações de polícia
ou outros lugares públicos.
Segundo os dados oferecidos por esta organização
da Igreja Católica e pela ONU, até agora, o número dos desabrigados oscila entre 180
mil e 250 mil. Dados da polícia do país confirmam que as vítimas da violência são
pelo menos 600 pessoas. A oposição fala de mais de mil mortos.
O anúncio da
reeleição do presidente Mwai Kibaki, em 30 de dezembro, desencadeou confrontos, especialmente
no oeste do país e nos bairros de favelas de Nairobi, onde se concentram os seguidores
de seu rival Raila Odinga.
Segundo a Cáritas, o que começou como uma crise
política foi assumindo o caráter de conflito étnico. Falta comida, porque as lojas
e armazéns foram queimados ou porque as pessoas têm muito medo de sair de suas casas.
Os preços dos produtos básicos se multiplicaram – no caso das verduras, segundo algumas
fontes, em 500%.
A Cáritas considera que ainda é possível encontrar uma solução
política antes que a situação piore ainda mais, transformando-se em um banho de sangue.
Esta possibilidade, indica, requer a reabertura do diálogo entre Kibaki e Odinga.
Ainda que se tema a intensificação da violência no país, não parece provável
que se repita uma situação de violência étnica como a que se deu nos anos 90 em Ruanda
ou na ex-Iugoslávia.
O coordenador para as emergências da Cáritas Quênia,
Stephen Kituku, explica: “Não sabemos se a situação piorará, mas a acompanhamos de
perto. Tudo depende de que os dois principais partidos políticos consigam encontrar
juntos uma solução”.
Os bispos no Quênia fizeram um chamado à calma aos partidários
de Kibaki e de Odinga e ao diálogo entre os dois líderes. Desta forma, pediram que
se criasse uma comissão eleitoral para revisar os resultados das eleições de 27 de
dezembro passado. (SP)