2008-01-08 09:36:31

PAPA PEDE AO MUNDO PACTO ANTITERRORISTA


Cidade do Vaticano, 08 jan (RV) - O papa recebeu em audiência, na manhã desta segunda-feira, os membros do corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé, composto por 176 nações, para a troca de votos de Feliz Ano Novo.

Em seu discurso, Bento XVI abordou numerosas questões de atualidade cenário político e social internacional, com destaque para as crises e conflitos que afligem o mundo, e afirmou que "a segurança e a estabilidade no mundo continuam a ser frágeis".

No continente africano, sublinhou a crise em Darfur, Sudão, desejando sucesso à operação conjunta _ ONU-UA (Nações Unidas-União Africana _ em favor das populações locais. Além disso, falou ainda da violência na Somália, sobre o processo de paz na República Democrática do Congo e sobre a recente crise no Quênia, com um convite: "Convido todos os habitantes, em particular as autoridades políticas, a buscarem, através do diálogo, uma solução pacifica, fundamentada na justiça e na fraternidade. A Igreja Católica não é indiferente aos gemidos de dor que se elevam nessas regiões. A Igreja faz apelos em favor dos refugiados e desabrigados, e se empenha em favorecer a reconciliação, a justiça e a paz."

Bento XVI disse da "preocupação" da comunidade internacional com a situação no Oriente Médio, e congratulou-se pelas conclusões da recente conferência de Annapolis (EUA), da qual emergiram sinais de "abandono do recurso a soluções parciais ou unilaterais, em favor de uma abordagem global, que respeita os interesses e os direitos dos povos da região".

Em seu discurso, não faltou um apelo a israelenses e palestinos: "Apelo, mais uma vez, a israelenses e palestinos, para que concentrem suas energias na "aplicação dos compromissos assumidos" (...) "E convido a comunidade internacional a dar apoio aos dois povos, com convicção e compreensão para com os sofrimentos e temores de ambos."

Iraque, Irã, Líbano, Afeganistão, Sri Lanka, Mianmar, Coréia do Norte e Chipre foram outras das situações de crise que o papa abordou, em seu discurso aos diplomatas acreditados junto à Santa Sé, destacando a importância da paz para a resolução dos problemas enfrentados por diversas nações e para a construção do futuro da humanidade.

"A paz não pode ser uma simples palavra ou uma aspiração ilusória, mas sim um compromisso e um modo de vida que exigem que se satisfaçam as legítimas aspirações de todos, como o acesso à alimentação, à água e à energia, à tecnologia e aos medicamentos, bem como o controle das alterações climáticas. Só assim, se pode construir o futuro da humanidade; só assim, se favorece o desenvolvimento integral, para hoje e para amanhã" _ advertiu.

A bioética e suas implicações morais foi um capítulo à parte na alocução do Santo Padre: "Gostaria de lembrar, juntamente com tantos pesquisadores e cientistas, que as novas fronteiras da bioética não impõem uma escolha entre ciência e moral, mas exigem, antes, um uso moral da ciência. Por outro lado, alegro-me pelo fato que, no dia 18 de dezembro passado, a Assembléia Geral da ONU tenha adotado uma resolução, exortando seus Estados-membros a instituírem uma moratória da aplicação da pena de morte. Faço votos de que essa iniciativa estimule o debate publico sobre o caráter sagrado da vida humana."

Bento XVI pediu maiores esforços, por parte da comunidade internacional, em favor da segurança, a fim de impedir "o acesso dos terroristas a armas de destruição em massa".

O Santo Padre recordou emocionado, sua visita, em maio do ano passado, ao Brasil, e mencionou Cuba, "que este ano celebra o 10º aniversário da visita de meu venerado antecessor" _ recordou.

Sobre a situação econômica e social do Brasil e da América Latina em geral, questionou: "Como não desejar uma cooperação crescente entre os povos da América Latina, assim como o fim das tensões internas em cada um dos países que a compõem, para que possam convergir nos grandes valores inspirados pelo Evangelho?"
O papa concluiu seu discurso, afirmando que "a diplomacia é, de certo modo, a arte da esperança".

A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 176 países; além da União Européia e da Soberana Ordem Militar dos Cavaleiros de Malta. Além disso, mantém relações de natureza especial com a Federação Russa (uma missão com embaixador) e com a Organização para a Libertação da Palestina-OLP (um escritório com diretor). A Santa Sé participa também, de diferentes organizações e organismos intergovernamentais internacionais e regionais.

A Santa Sé (ou Sé Apostólica), do ponto de vista legal, distingue-se do Vaticano, ou mais precisamente do Estado da Cidade do Vaticano. Este último "é um instrumento para a independência da Santa Sé que, por sua vez, tem uma natureza e uma identidade próprias, sui generis, enquanto representação do governo central da Igreja".

O sujeito de Direito Internacional é a Santa Sé. As relações e acordos diplomáticos (concordatas) com outros Estados soberanos, portanto, são estabelecidos com ela e não com o Vaticano, que é um território sobre o qual a Santa Sé tem soberania. Com poucas exceções _ como a China e a Coréia do Norte _ a Santa Sé possui representações diplomáticas (nunciaturas) em quase todos os países do mundo. (JD/CM/AF)







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