Mediação africana no Quénia, depois de perto de mil mortos e 260 mil desalojados,
após a crise politica
(8/1/2008) Sob forte pressão internacional e depois de perto de mil mortos e 260
mil desalojados, o Quénia procura uma saída pacífica para a crise política resultante
das eleições de Dezembro em que, num acto considerado fraudulento pelos observadores
estrangeiros, a vitória foi atribuída ao actual presidente, Mwai Kibaki. O líder da
Oposição e candidato derrotado, Raila Odinga, suspendeu a manifestação prevista para
esta terça feira, alegando ser preciso dar uma oportunidade à mediação dos países
amigos.
Para a alteração do discurso de Odinga contribuiu, como o próprio reconhece,
a reunião mantida com a enviada norte-americana, que garantiu ao líder da Oposição
uma mediação que levará em conta as críticas feitas à falta da transparência e democraticidade
das eleições, embora tenha acrescentado que "nesta fase o importante é acabar com
a violência".
Segundo a secretária de Estado adjunta dos EUA para os Assuntos
Africanos, "são graves as divisões entre Mwai Kibaki e Raila Odinga, mas ambos têm
noção de que a solução da crise não passa pela violência mas antes pelo diálogo e
pela procura de soluções pacíficas". Apesar de acusar Odinga de querer perpetuar
a violência, Kibaki propôs ao seu adversário que, "independentemente dos resultados
da mediação da União Africana (UA)", se encontrem sexta-feira para, "frente a frente",
resolverem a crise.
A pressão internacional tem igualmente um importante contributo
africano. O presidente da UA, John Kufuor, que também é presidente do Gana, deve chegar
hoje à noite a Nairobi para mediar o diálogo entre o Governo e a Oposição.
A
UA, concertada com os EUA e a União Europeia, força um entendimento que contente as
duas partes, tendo já obtido a concordância de Kibaki para formar um governo de unidade
naciona.
John Kufuor poderá, segundo os analistas, conseguir um acordo válido
e duradouro, sobretudo porque o seu prestígio como estadista é reconhecido pelos dois
adversários, tendo ambos concordado que a mediação fosse feita pelo presidente da
União Africana.