As prioridades do Secretário de Estado Cardeal Tarcisio Bertone para 2008: China,
Cuba, Venezuela, diálogo com o Islão, eleições nos EUA e criação de plataformas católicas
de comunicação e solidariedade entre os temas abordados
(7/1/2008) O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, considera
a situação no Médio Oriente como uma das questões que mais preocupam o Papa e a Santa
Sé, assegurando que Bento XVI fala da mesma “com todos os líderes que visitam o Vaticano”.
Em entrevista publicada na revista católica “Famiglia Cristiana”, da Itália,
anuncia que na visita que irá realizar a Cuba, em Fevereiro próximo, espera falar
com Raul Castro e irá abençoar “um grande monumento público” que recorda os 10 anos
da visita de João Paulo II. O Cardeal italiano aborda as relações com Israel e
lamenta que não sejam obtidas “soluções para muitos problemas concretos”, como nos
casos das propriedades eclesiásticas ou da obtenção de vistos por parte dos membros
da Igreja. Noutro âmbito, o Cardeal Bertone deixa um rasgado elogio ao povo venezuelano,
que “demonstrou grande coragem e liberdade” e pede que os líderes da América Latina
“aprendam a escutar os povos, que estão a amadurecer e a tomar consciência do seu
direito a serem protagonistas”. Sobre a China, confirma-se a “abertura” e os contactos
mantidos, com destaque para “o reconhecimento do valor positivo da religião por parte
do partido” comunista. “Digamos que são passos pequenos, mas andamos para a frente”,
assinala o Secretário de Estado do Vaticano.
D. Tarcisio Bertone não se mostra
preocupado pelo facto de, em Abril deste ano, Bento XVI ir visitar os EUA em plena
campanha eleitoral norte-americana, assegurando que o Papa “está acima das partes”.
Ainda assim, admite que “não se podem controlar eventuais instrumentalizações”. Nesta
visita, Bento XVI passa pela sede da ONU e vai afirmar que “a Igreja Católica sempre
apoiou o trabalho das Nações Unidas e não mudará a sua política”, apontando para os
valores que sustentam as “históricas declarações internacionais”. Quanto à Europa,
tomando como ponto de partida algumas dificuldades na relação Igreja-Estado que se
vivem na Itália, o Cardeal Bertone defende que “a concepção de laicidade que se opõe
à religiosidade é anti-histórica”, louvando a atitude de Nicolas Sarkozy, presidente
da "laicíssima França” na sua última visita ao Vaticano.
O Cardeal Bertone
revela também que é intenção da Santa Sé “aprofundar de forma concreta o diálogo com
o Islão, no pluralismo das posições” e que em breve será publicada uma “Instrução”
para fixar os critérios de aplicação do Motu Proprio de Bento XVI sobre a Liturgia
Romana anterior à reforma do Concílio Vaticano II. O Secretário de Estado do Vaticano
mostra-se satisfeito com o trabalho desenvolvido no Ossservatore Romano e pede “sinergias”
entre agências, editoras, jornais, rádios e televisões católicas de todo o mundo.
O mesmo deve ser feito, defende, em relação às ONG’s, para promover “acções comuns”.