2008-01-04 11:42:38

ÍNDIA: LÍDERES RELIGIOSOS ESCREVEM CARTA AO GOVERNO DE ORISSA


Kandhamal, 04 jan (RV) - Líderes religiosos de diversas igrejas da Índia enviam carta ao governo do Estado de Orissa, a propósito dos recentes ataques contra lugares de culto, lojas e habitações no distrito de Kandhamal.


“Ainda não temos um balanço oficial dos feridos e das vítimas assassinadas em consequência da repressão da polícia e dos atos de violência na última semana no distrito de Kandhamal; muitas pessoas, inclusive jovens e mulheres, estão desaparecidos e ignoramos se a polícia esteja procurando eles; soubemos que alguns cristãos foram presos, mas não há nenhuma comunicação oficial; parece que alguns agitadores podem se mover sem problemas apesar do toque de recolher; nenhum cristão foi autorizado a visitar a área e portanto, não pudemos dar conforto às pessoas envolvidas na violência”: dessa maneira tem início uma carta ao governo do Estado de Orissa a propósito dos recentes atos de violência no distrito de Kandhamal.

Na carta detalhada, que narra os episódios de tensão fomentados por um grupo político de ultra-nacionalistas hindús de extrema direita, lê-se que mais de 40 igrejas, seminários, conventos e pelo menos 400 habitações foram destruídas ou danificadas nos últimos dias. “A situação obrigou sacerdotes, religiosos e cristãos a fugirem e procurar refúgio na floresta” – destaca a missiva – que cita ainda um balanço de cinco mortos em Barakhama.

Os representantes das Igrejas – entre os signatários do documento se encontram um delegado de Dom Raphael Cheenath, arcebispo de Cuttack-Bhubaneswar; Isaac Becera, presidente da ‘All India catholic union’ para a região de Orissa; o reverendo batista Samsan Das, da diocese de Cuttack, e John Dayal do Conselho Nacional para a Integração, órgão governativo federal – acusam a polícia de não ter sido capaz de administrar a situação e pedem reforços além de uma investigação independente e um ressarcimento para todas as vítimas das violências. As violências são atribuídas à ‘Kui Janakalyan Samiti’, uma organização cujos membros pertencem ao grupo étnico ‘Kui’.

Não é a primeira vez que a região é teatro de tensões; a origem das violências, que na aparência parecem ter como alvo uma comunidade religiosa, há na realidade como pano de fundo um sistema de repartição de cargos e de empregos públicos com base na pertença a uma determinada etnia ou casta. Falando à agência MISNA, o Secretário da Conferência Episcopal Indiana, padre Babu Joseph, referiu que uma delegação de chefes religiosos foi recebida ontem pelo governo local, que prometeu um ressarcimento a todas as vítimas das violências. (SP)







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