Presidente da República de Angola marca legislativas para Setembro de 2008
(28/12/2007) O presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, anunciou
ontem para 5 e 6 de Setembro de 2008 a realização das eleições legislativas, pedindo
que decorram num "clima de paz, harmonia e fraternidade". O chefe de Estado, dirigindo-se
ao país numa mensagem de fim de ano, lida aos microfones da Rádio Nacional de Angola,
sublinhou a importância de afastar do período eleitoral "a violência verbal ou física",
pedindo "respeito pela opinião e pelas ideias alheias". "A vontade do povo angolano
deve exprimir-se com verdade e sem limitações nos dias 5 e 6 de Setembro de 2008,
nas eleições legislativas que serão oportunamente convocadas", disse José Eduardo
dos Santos. Para que as eleições decorram no clima apontado pelo presidente angolano,
este diz que "é fundamental que seja completamente garantida a segurança dos cidadãos
e a protecção dos seus bens, apelando à Polícia Nacional que seja o "garante da ordem". Na
reacção à mensagem do presidente, a UNITA considerou "muito importante" para o avanço
da democracia a marcação de eleições legislativas em Angola, mas quer que a votação
decorra num só dia "por questões de transparência". Em declarações à agência Lusa,
Adalberto da Costa Júnior, responsável pela informação do maior partido da oposição
angolana, lembrou que as últimas eleições, em 1992, também decorreram em dois dias
"e muitas anormalidades aconteceram", nomeadamente o facto de a luz ter faltado durante
a noite em todo o país. Já o responsável pela informação e deputado do MPLA Norberto
dos Santos, "Kwata-Kanawa", disse que os dois dias apontados por Eduardo dos Santos
são fundamentais, porque, "para quem conhece a realidade de Angola", é preciso atender
às dificuldades de transporte não só das urnas mas também de pessoas e todo o material
essencial às eleições. O pleito ora calendarizado para 2008 será o segundo que
terá lugar em Angola nos 33 anos da independência.As primeiras eleições legislativas
tiveram lugar em 29 e 30 de Setembro de 1992 e coincidiram com a primeira volta das
presidenciais. 18 partidos concorreram nas legislativas e onze candidatos nas presidenciais.
O
MPLA venceu as legislativas com 53.74 % dos votos, enquanto a Unita obteve 34.10 %.
Também, o candidato do MPLA, José Eduardo Dos Santos, adiantou o rival da UNITA,
com cerca de 49 % e 40 % respectivamente. A contestação violenta do sufrágio pela
UNITA sob o argumento de fraude massiva suspendeu a segunda volta das presidenciais,
prolongando o mandato em exercício de dos Santos até hoje. A Igreja Católica quer,
através da sensibilização, exercer “um direito cívico e democrático”, apontou à imprensa
o Pe. António Loureiro, pároco do município do Chinguar, 75 quilómetros a oeste do
Kuito, província do Bié. A seriedade e responsabilidade no processo eleitoral
foi indicado como base fundamental para “escolher o partido e presidente que melhor
poderá dirigir os destinos do país, que tanto sofreu com os conflitos armados”. Porém,
o pároco referiu que esta tarefa não deve ser apenas da Igreja Católica, mas de toda
a sociedade civil, de forma a levar todos os cidadãos com idade activa a participar
no próximo pleito eleitoral.