PAPA PODERÁ ENCONTRAR "SÁBIOS" MUÇULMANOS NO VATICANO
Cidade do Vaticano, 28 dez (RV) - Avança o diálogo entre a Santa Sé e o mundo
islâmico moderado: entre o fim de Fevereiro e o início de março, o Papa Bento XVI
poderá se encontrar com uma delegação dos 138 intelectuais e teólogos muçulmanos,
que no último mês de Outubro tinham assinado um documento, com o título, “Uma palavra
comum”, para abrir um novo capítulo nas relações entre o islamismo e o cristianismo.
A
anunciar a disponibilidade do grupo muçulmano ao encontro com o Santo Padre, nova
etapa no caminho de reconciliação, foi o príncipe jordaniano Ghazi bin Muhammad bin
Talal, promotor da iniciativa inter-religiosa, numa carta enviada ao Secretário de
Estado Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone.
Os intelectuais islâmicos indicaram
como data de um possível encontro no Vaticano o período que vai do fim de Fevereiro
aos primeiros dias de Março. A Santa Sé, em linha de máxima, teria aceito a realização
do encontro.
“Fortalecidos pela recente visita ao Vaticano” do rei saudita
Abd Allah bin Abd Al-Aziz, escreve o príncipe jordaniano em nome dos demais signatários
muçulmanos, estamos “disponíveis a encontrar” Bento XVI em Roma. ”Nosso motivo para
o diálogo é essencialmente o desejo de buscar a boa vontade e a justiça para praticar
o que nós muçulmanos chamamos “rahmah” e vós chamais de caritas”, escrevem sábios.
Os
138 “sábios” haviam escrito no último mês de outubro uma carta aberta ao Santo Padre
e a todos os líderes de Igrejas cristãs – Protestantes e Ortodoxas – propondo uma
nova fase de diálogo e colaboração, que colocasse fim nas tensões internacionais atuais.
O gesto dos intelectuais e teólogos muçulmanos, fechava o capítulo de fricções nascidas
após o discurso de Bento XVI em Regensburg, em 2006.
Em Novembro passado o
Papa, através do seu Secretário de Estado, havia respondido positivamente aos 138
“sábios” muçulmanos dando a disponibilidade para um encontro com um delegação dos
mesmos no Vaticano.
“A fim de encorajar a vossa louvável iniciativa – dizia
a resposta do Vaticano ao príncipe Ghazi bin Muhammad bin Talal – fico feliz em comunicar
que Sua Santidade teria muito prazer em receber sua Alteza Real e um restrito grupo
de signatários da carta aberta, escolhido pelo senhor. Ao mesmo tempo, poderia ser
organizado um encontro de trabalho entre a Sua Delegação e o Pontifício Conselho para
o Diálogo Inter-religioso”.
Na carta, na qual acolhe o convite do Papa, o
príncipe jordaniano detém-se sobre duas dimensões do diálogo: a que se refere às almas
daqueles que crêem, e a intrínseca, que se refere à sociedade. O diálogo – reafirma
a carta -, é “por definição entre pessoas com pontos de vista diferentes, não entre
pessoas com o mesmo ponto de vista”. Ainda que um “acordo teológico completo entre
cristãos e muçulmanos não seja inerentemente possível por definição”, é necessário
– explica o príncipe – “manter firme a atitude comum e a cooperação baseada naquilo
que estamos de acordo”. (SP)