Belém, 24 dez (RV) - O Natal chega este ano a Belém “numa atmosfera de maior
serenidade” em relação aos anos passados”: foi o que disse padre Giorgio Kraj guardião
da comunidade franciscana em Belém. A retomada do processo de paz “deu esperança e
isso se nota nas relações entre israelenses e palestinos” com a facilitação da passagem
dos peregrinos nos postos de controle e na concessão de permissões aos cristãos locais
para irem até Jerusalém e Belém, explica o religioso.
Quanto ao número de peregrinos,
neste ano está previsto “tudo lotado”, afirma padre Giorgio: “os números ainda devem
ser verificados, mas as previsões são boas”. Já se notam muitos peregrinos, mas o
maior afluxo será a partir de hoje, 24. As celebrações da vigília terão início às
13h30, hora local, com a chegada do Patriarca Michel Sabbah que será acolhido pelas
autoridades na Praça da Majedoura. Foram distribuídos 2.500 bilhetes para a Missa
do Galo: 500 para os habitantes de Belém, e os demais para os peregrinos de todo o
mundo.
Entre os hóspedes, como já é habitual, estará também o presidente da
Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que horas antes compartilhará a ceia
da vigília com os franciscanos.
Em Belém, os cristãos “são 13 mil, 30% da população,
com 5 mil cristãos latinos”, enquanto os demais são sobretudo ortodoxos, afirma padre
Giorgio. “Este ano o clima mais sereno é confirmado também pelas decorações natalinas,
com a Praça da Majedoura decorada desde o início das novenas”, destaca o guardião
da comunidade franciscana, sublinhando que além das luzes na Praça central e na rua
principal, as luzes voltaram a resplandecer também nas lojas da cidade.
No
sábado à noite dentro do clima de Natal realizou-se a 7ª edição do “Concerto pela
Vida e pela Paz” na igreja de Santa Catarina em Belém, a igreja franciscana consagrada
125 anos atrás, em 1882.
Na última última segunda-feira, falando na Sala de
Imprensa da Santa Sé o Custódio da Terra Santa, o franciscano Pierbattista Pizzaballa
disse que o Cristianismo é uma realidade cada vez mais residual no território em que
Jesus nasceu e viveu. A “difícil” situação dos cristãos levou o Pe. Pizzaballa a centrar
a sua intervenção numa palavra, “sofrimento”, em função das dificuldades políticas,
económicas e sociais da região. 60% dos cerca de 170 mil cristãos da zona vive em
Israel e 99% tem origem árabe-palestina. A discriminação é dupla, seja pela origem
étnica, seja pelo fato de, embora árabes, não professarem o Islã, o que leva a uma
forte emigração dos cristãos, em especial nas zonas controladas pela Autoridade Palestina.
O drama é particularmente sentido em Belém, local do nascimento de Jesus.
O conflito entre facções palestinianas tem um forte impacto na vida econômica e social,
à beira do colapso, apesar do aumento dos números do turismo religioso em 2007. (SP)